Amorim fez o pronunciamento pouco
depois das autoridades brasileiras - enviadas à sede da ONU, em Nova
York, para a Assembleia Geral desta semana - confirmarem a presença
de Zelaya na embaixada brasileira. O chanceler brasileiro,
entretanto, negou que tenha sido concedido asilo político, uma vez
que Zelaya chegou à Embaixada por meios próprios.
O ministro disse que as autoridades
brasileiras em Honduras foram contatadas por um deputada hondurenha
que avisou que a mulher de Zelaya queria conversar sobre a volta do
presidente. O Subsecretário-Geral da América Latina, Enio Cordeiro,
autorizou a embaixada em Honduras a receber o presidente Manuel
Zelaya, segundo Amorim.
O Itamaraty então entrou em contato
com Amorim que atualizou o presidente Lula. Em seguida o próprio
Zelaya conversou com o chanceler brasileiro por telefone. O
presidente deposto afirmou que fez uma difícil travessia pelas
montanhas do país para chegar à embaixada brasileira.
"Não creio que o governo vá, de fato
tomar alguma medida flagrante contra o direito internacional" disse
Amorim durante seu pronunciamento para depois frisar que as
autoridades brasileiras vão dar todo o apoio para que Zelaya seja
restituído no poder de Honduras.
Volta pelo diálogo
"Ele está muito bem, em perfeitas condições e disposto a iniciar o
diálogo", declarou a esposa de Zelaya a jornalistas ao sair da sede
da diplomacia brasileira em Honduras. Ela agradeceu "ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva por permitir que o presidente Zelaya
esteja nesta embaixada", em cujas imediações havia uma multidão de
partidários.
"Temíamos um pouco pelo momento da
chegada", declarou ela, que disse estar alegre pelo retorno do
marido a Honduras. Xiomara Castro confirmou o retorno do chefe de
Estado deposto ao país depois de o presidente de fato hondurenho,
Roberto Micheletti, ter negado o evento, assim como membros do alto
escalão de seu governo, das Forças Armadas e da polícia.
O escritório local das Nações Unidas
também já havia negado que Zelaya estivesse em suas instalações,
como disseram colaboradores do líder deposto e dirigentes do
movimento popular que exige sua restituição no poder. Os
simpatizantes de Zelaya deixaram os arredores do escritório da ONU
em Tegucigalpa rumo à embaixada do Brasil com a esperança de vê-lo.
Agradecimento a Lula
A mulher de Zelaya agradeceu "ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva por permitir que o presidente Zelaya esteja nesta embaixada",
em cujas imediações havia uma multidão de partidários do líder
deposto.Segundo Castro,
seu marido voltou a Honduras com o "objetivo de iniciar uma
conciliação familiar, das famílias hondurenhas, com todos os setores
do país para que a paz e a tranquilidade voltem".
Além disso, pediu aos seguidores do
presidente deposto "para que haja paz, porque esta é uma festa de
hondurenhos. O que menos queremos é que haja algo que entorpeça esta
alegria".
Zelaya foi derrubado por um golpe de
Estado em 28 de junho deste ano e expulso de Honduras por militares.
No mesmo dia, o Parlamento hondurenho nomeou Roberto Micheletti, seu
então presidente, como chefe de Estado.