Mas os consumidores chineses que
estão em busca de versões do mais recente produto da empresa não
precisam ir mais longe que um movimentado centro de eletrônicos em
Shenzhen, próspera cidade do sul da China, próxima da fronteira com
Hong Kong. Lá, pequenas lojas estão repletas de versões piratas de
toda espécie de produtos, do Windows 7 a US$ 2, a uma ampla gama de
produtos da Apple, como iPhones, MacBooks e MacBook Air.
Depois de extensas consultas a
diversos comerciantes, um deles, cujo sobrenome é Lin, ofereceu o
item procurado, em uma sala escura do quinto andar do mercado, longe
do movimento. Pesado e espesso, com três portas USB e forma mais
retangular que a do original, esse derivado com aspirações a iPad,
acionado por um sistema operacional Windows, parece mais com um
iPhone gigante. O preço é de 2,8 mil iuans (US$ 410), o que o deixa
um pouco mais barato que o iPad, vendido por entre US$ 499 e US$
699.
"Essa é apenas a primeira versão",
diz Lin, um agente de vendas com cabelos cortados à escovinha que
fala rapidamente em cantonês, o idioma local. "Embora a forma não
seja exatamente a mesma, a aparência externa é bastante semelhante à
do iPad, de modo que não acreditamos que isso afete demais as nossas
vendas", explicou ele, acrescentando que a diferença se deve à
dificuldade de encomendar componentes semelhantes, devido ao curto
prazo de dois meses para o desenvolvimento da primeira versão do
aparelho.
Os ocupados piratas chineses estão
correndo para preencher um vazio que não perdurará, criado pela
demanda inesperadamente forte que o iPad encontrou nas primeiras
semanas do aparelho no mercado.
"A China é basicamente um mercado que
tem a capacidade de clonar tudo, então isso não chega a
surpreender", afirmou Edward Yu, presidente-executivo da empresa de
pesquisa Analysys International. "Eu não creio que a pirataria seja
uma coisa ruim para o iPad dado que a China tem uma enorme
população. Pode ser que os iPads clonados deem aos potenciais
usuários um gostinho do que se trata o aparelho."
De volta a Shenzhen, Lin afirmou que
fábricas na região do delta do rio Pérola, maior centro de
exportação de manufaturas da China, estão trabalhando duro em uma
versão atualizada dos iPads pirateados para satisfazerem a demanda.
"Essa é a apenas a primeira versão,
sem ajustes", disse Lin. "As fábricas poderão produzir uma cópia
muito melhor mais para frente".