"Solicitamos à comunidade
internacional e especialmente ao Brasil que apoiem a realização de
eleições para que a democracia possa garantir a estabilidade que
estamos procurando no Haiti", disse o presidente do país caribenho a
jornalistas depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e participar da reunião de cúpula entre o Brasil e a
Comunidade do Caribe (Caricom). "A estabilidade na democracia é uma
das condições para o desenvolvimento do país", afirmou.
O Brasil lidera a missão de paz da
Organização das Nações Unidas (ONU) enviada ao Haiti. O
secretário-geral do Itamaraty, embaixador Antonio Patriota,
demonstrou "confiança muito grande na vocação democrática" de Préval.
"Não é porque houve um terremoto no
Haiti que se deve interpretar que haverá retrocessos no plano da
estabilidade e do progresso político e institucional no Haiti",
disse Patriota.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti no dia
12 de janeiro, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com
epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço
Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o
mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Dezenas de prédios da capital caíram
e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram
atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. O
governo haitiano confirmou a morte de mais de 200 mil pessoas. O
Haiti é o país mais pobre do continente americano.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança,
Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda
maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no
Haiti, o tenente da Polícia Militar do Distrito Federal Cleiton
Batista Neiva, e pelo menos 18 militares brasileiros da missão de
paz da ONU morreram durante o terremoto. Também foi confirmada a
morte de uma brasileira com dupla nacionalidade, cuja identidade não
foi divulgada.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações
Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em
francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o
Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força.
Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004,
depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto
durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada
Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o
governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.