No domingo os mineiros surpreenderam
os chilenos ao enviar provas de vida, aproveitando uma sonda que
havia chegado ao fundo da galeria. As autoridades reforçaram o poço
que está servindo como "cordão umbilical", e agora preparam um plano
para tirá-los de lá.
"O trabalho foi lento, mas foi
detalhadamente assegurado, evitando cada um dos fatos que pudessem
ocorrer para não perder essa conexão", disse o ministro de Minas,
Laurence Golborne, que anunciou também a entrega de alimentos ao
grupo.
"Agora vamos proceder nos temas de
nutrição, estabelecimento de contato etc, e para isso estão
trabalhando conosco médicos especialistas", disse.
A ideia é que tubos de plástico
mecanizados, chamados "pombas", desçam glicose e água mineral pelo
duto, até 700 metros de profundidade, o que os especialistas
calculam que leve uma hora.
Nos arredores da pequena mina de ouro
e cobre de San José, num acampamento que foi batizado de
"Esperança", o clima pela primeira vez era de alegria entre parentes
dos mineiros, embora já comece a surgir a ansiedade pelo resgate.
"Quero que eles saiam logo para
podermos comemorar muito. Aqui as esperanças nunca morreram, e agora
só nos resta esperar um pouco mais", disse Arnoldo Plaza, que tem um
primo preso na mina.
Uma perfuração feita por três outras
sondas foi interrompida na manhã de segunda-feira, a poucos metros
do refúgio onde estão os mineiros. Mas em breve as máquinas devem
voltar a trabalhar para estabelecer três canais - um de
telecomunicação (telefone), um de ventilação, e outro para
alimentos.
Uma câmera de vídeo que chegou
domingo ao refúgio mostrou os trabalhadores sem camisa, de
capacetes, muito alegres e em boas condições de saúde, apesar dos 17
dias de isolamento após um desabamento numa galeria.
Segundo especialistas, cada mineiro
perdeu de 5 a 7 quilos, mas não estão desidratados, graças à água
proveniente da própria perfuração feita pelas sondas.
O encarregado do trabalho de resgate
disse que ainda não é possível prever quando os mineiros serão
retirados, e que só a partir de outubro ou novembro pode ser feita
qualquer estimativa.
Isso já faz dessa a maior operação de
resgate em minas na história, superando o incidente de julho de 2009
na China, quando 13 mineiros passaram 25 dias presos.
"Temos de fazer já o desenho de
engenharia propriamente dita. A primeira estimativa que temos é de
três a quatro meses", afirmou André Sougarret, gerente da mina El
Teniente, da empresa Codelco, e chefe das sondagens de resgate.
"O que temos de definir é o ponto.
Primeiro fazer uma boa topografia. Decidir o ponto de ataque. Faz-se
uma perfuração que é o dobro da perfuração que fazemos atualmente."
(Com reportagem adicional de Antonio
de la Jara e Juana Casas em Santiago)