"Garanto que eles não conseguiriam
fazer as notas que estão aqui", brincou. A Casa da Moeda, em Santa
Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, é um cofre de segurança. A
circulação é restrita, há currais de ferro espalhados pelas
instalações e a empresa prioriza funcionários antigos, com uma média
de 25 anos de casa. "Isso aqui é uma casa de segurança", afirmou o
presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci. "Você nunca vai
ouvir por aí notícia de que houve roubos aqui dentro."
Mas, desde 2008 a empresa está
entrando num novo patamar de segurança e tecnologia ainda mais alto
e cujo maior exemplo são as novas máquinas de impressão de notas
inauguradas hoje. Cerca de R$ 350 milhões foram investidos no parque
industrial desde o ano passado e o valor inclui ainda uma segunda
nova linha de produção, que entra em funcionamento no fim de agosto.
Com as duas, a empresa poderá produzir, em dois turnos, 2,8 bilhões
de cédulas. No limite, as duas linhas poderão operar com 4 bilhões
de cédulas - o dobro do que é produzido hoje em três turnos, e sem a
mesma segurança contra falsificações.
A Casa da Moeda não faz somente
cédulas. Passaportes, chips, carteiras de identificação de
profissionais, e toda uma série de documentos de segurança com
tecnologia de ponta saem de lá e muitas vezes são exportados para
outros países, como Argentina, Chile ou Haiti. O investimento total
entre 2009 e 2011 será de R$ 900 mil, todo com recursos próprios.
Com a diversificação dos produtos, a
casa conseguiu pular de um lucro líquido de R$ 103,5 milhões em 2008
para R$ 330 milhões em 2009, 30 vezes mais do que o registrado em
2002. Para 2010 a previsão é de lucro de R$ 400 milhões. Apesar da
alta tecnologia em todas as etapas de produção, a Casa da Moeda
ainda prefere confiar a revisão de qualidade de suas notas aos olhos
treinados de funcionárias e funcionários antigos que separam as
folhas de dinheiro com defeito a serem destruídas.
"É um trabalho impressionante. Elas
pegam as folhas ainda não cortadas e folheiam como um baralho,
conseguindo ver de relance as páginas com defeito. Elas riscam a
página, separam, dobram e, dali, as folhas seguem para um
triturador", explica Denucci.