Um apresentador da BBC disse ter
sufocado seu ex-parceiro que sofria de aids para poupá-lo de uma
"dor terrível". Ray Gosling, 70 anos, contou aos telespectadores do
programa Inside Out que tinha um pacto com seu antigo parceiro -
cujo nome ele não revelou -, de pôr fim à sua vida caso a dor da
doença se tornasse insuportável e não houvesse mais esperança de
tratamento.
Em seu programa, que abordou o tema
da morte, o apresentador de Nottingham disse que o momento veio
quando médicos comunicaram que não havia mais opções para reverter a
doença.
"Eu disse ao médico: 'Deixe-nos a sós
apenas um momento', e ele nos deixou. Eu peguei o travesseiro e o
sufoquei até a morte. Não tenho remorso. Fiz o certo", disse Gosling.
Nesta terça-feira de manhã, após a
exibição do programa, o apresentador afirmou a um programa da BBC
que não imaginava que a informação fosse ser transmitida em rede
nacional.
Ele afirmou que decidiu contar seu
segredo para o seu público regional, com quem tem uma "relação
íntima", e acrescentou que alguns membros da família de seu
ex-parceiro também sabiam do ocorrido.
Gosling disse que está consciente das
implicações - inclusive criminais - da revelação.
"Quando você ama alguém, é difícil
vê-lo sofrer. Minha impressão sobre a eutanásia é como gelatina -
balança de um lado para o outro. Agora é o momento de compartilhar
um segredo mantido sob sigilo por muito tempo."
O suicídio assistido é crime na
Grã-Bretanha, mas novas diretrizes publicadas em setembro pelas
autoridades judiciais estabelecem fatores que influenciam a decisão
de abrir ou não um processo em diferentes casos na Inglaterra e no
País de Gales.
No mês passado, Kay Gilderdale, 55
anos, de Stonegate, em East Sussex, foi absolvida da acusação de
tentar matar sua filha de 31 anos, que estava seriamente doente e já
havia tentado pôr fim à sua vida antes.
Dias antes, outra mãe, Frances Inglis,
57 anos, de Londres, foi condenada a nove anos de prisão por
assassinato por ter injetado uma dose letal de heroína em seu filho
Thomas, que sofria de danos cerebrais.