O Conselho Estadual de Defesa da
Criança e do Adolescente (Cedca) tenta impedir o desfile de Júlia,
por entender que a função teria "uma sexualidade intrínseca". Júlia
é filha do presidente da Viradouro, Marco Lira. Ele diz não ver
problema algum na exposição da menina e enfatizou que mandará para o
Cedca a fantasia dela. O carnavalesco Edson Pereira, criador da
fantasia de Júlia, admitiu que sua maior preocupação era a de
"vesti-la como uma criança".
Mônica Lira, mãe da menina, também
disse não vê nada de errado no fato de Júlia desfilar como rainha da
bateria - uma função que, como descreve a reportagem da CNN, visa
empolgar os ritmistas pela avenida. Juliana Paes e Luma de Oliveira,
por exemplo, já foram rainhas de bateria da Viradouro. "Eu tenho
muito orgulho da Júlia", disse Mônica à revista Época. "Ela gosta de
plateia. Quanto mais gente, melhor."
Júlia cursa a 3ª. série do Ensino
Fundamental e, como qualquer outra menina de sua idade, ainda brinca
de bonecas. A reportagem da CNN foi filmada num sábado, às 3h da
madrugada, como ressalta o jornalista. Havia mais de seis mil
pessoas na quadra da Viradouro. Júlia sambou no palco, na frente de
todos. No vídeo, ela parecia mais à vontade dançando em casa, na
companhia das amiguinhas da mesma idade.
"Não somos contra a participação de
criança no Carnaval", disse o presidente do Cedca, Carlos Nicodemus,
à revista Época. "Somos contra a colocação nesse posto. Isto é
fomentar a sexualização de crianças e adolescentes. O que se
pretende é colocar uma criança num posto que tem alto apelo sexual e
que é objeto de negociação no universo do Carnaval."