O funcionário dos EUA falou nesta
terça-feira, pedindo anonimato. Um agente de inteligência
paquistanês confirmou que Baradar foi preso dez dias atrás e está
sendo interrogado. O jornal The New York Times informou primeiro
sobre a prisão, em seu site.
O ministro do Interior do Paquistão,
Rehman Malik, qualificou como "propaganda" o anúncio sobre a prisão
do líder rebelde na operação conjunta com os EUA. Falando a
repórteres nas proximidades do Parlamento, em Islamabad, Malik não
confirmou nem negou que Baradar estivesse preso.
"Nós estamos verificando todos os que
prendemos. Se houver um grande alvo, eu mostrarei à nação", disse.
"Se o New York Times dá uma informação, não é a verdade divina, isso
pode estar errado. Nós (EUA e Paquistão) temos compartilhamento de
informação de inteligência, não investigação conjunta, nem operações
conjuntas", afirmou o ministro, enfatizando a soberania
paquistanesa.
Um porta-voz do Taleban no
Afeganistão afirmou que Baradar ainda está livre, mas não tinha
provas disso. "Negamos totalmente esses rumores. Ele não foi preso",
garantiu Zabiullah Mujahid, em entrevista por telefone. Segundo ele,
o relato sobre a prisão é propaganda ocidental para minimizar a
resistência dos rebeldes a uma ofensiva em Marjah, no sul afegão, um
bastião do Taleban.
"O Taleban está tendo êxito com nossa
guerra santa. (A notícia) é para tentar desmoralizar o Taleban, que
está em guerra santa em Marjah e em todo o Afeganistão", afirmou o
porta-voz.
A agência de espionagem do Paquistão
foi acusada, no passado, de proteger altos líderes do Taleban afegão
escondidos no país. Prender Baradar poderia ser um sinal de que
Islamabad está considerando cada vez mais perseguir o Taleban, ou ao
menos alguns de seus membros.
A prisão ocorre durante uma nova
tentativa dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)
para negociar com líderes afegãos do Taleban, tentando acabar com
uma guerra de oito anos no Afeganistão. O Paquistão tem papel
importante nesse processo, graças a seus vínculos próximos com o
movimento, que o país apoiava antes dos atentados de 11 de setembro
de 2001 nos EUA.
Karachi é a maior cidade do Paquistão
e tem sido citada como possível esconderijo de comandantes afegãos
do Taleban. Há ali uma população grande de pashtuns, grupo étnico a
que pertence o Taleban, mas está perto do Mar Arábico, longe da
fronteira afegã.
Baradar encabeça o conselho militar
do Taleban e subiu ao posto após a morte, em 2006, do chefe militar
mulá Akhtar Mohammed Usmani. Ele coordena operações militares no sul
e sudoeste do Afeganistão. Sua área de comando se estende pelas
províncias de Kandahar, Helmand, Nimroz, Zabul e Uruzgan. Segundo a
Interpol, Baradar foi o vice-ministro de Defesa no regime do Taleban,
que controlou o Afeganistão até ser derrubado pela invasão comandada
pelos EUA, em 2001. Com informações da Dow Jones.