Os dez americanos são membros da ONG
New Life Children's Refuge e estão detidos na Direção Central da
Polícia Judiciária, onde aguardam para prestar depoimento.
Lassec explicou ontem que a guarda da
fronteira foi quem barrou no sábado passado o ônibus no qual estava
o grupo de crianças haitianas porque estavam acompanhadas de adultos
aparentemente estrangeiros.
"(As crianças) não tinham nenhuma
documentação com eles. Portanto, a Polícia contactou a direção em
Porto Príncipe e a volta do ônibus foi ordenada", disse a ministra.
Em declarações à imprensa, a titular
de Comunicação ressaltou que o Haiti tem seu sistema judiciário e
seus procedimentos e pediu respeito às normas do país.
Lassec acrescentou que a Direção de
Assuntos Sociais informará também hoje sobre as investigações
realizadas para determinar quais crianças têm pais ou familiares.
Aparentemente, vários dos menores
confirmaram que têm pais e deram inclusive seus endereços e
telefones, o que desmentiria a versão da New Life Children's Refuge,
uma organização de confissão batista radicada no estado americano de
Idaho.
Lassec também explicou que as
autoridades haitianas são conscientes de que após o terremoto houve
muitas tentativas de roubos de crianças e, por causa disso, a
vigilância nas fronteiras e no aeroporto da capital foi reforçada.
A ministra disse que, segundo dados
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), havia crianças
haitianas sendo vendidas por US$ 25 mil.
O secretário de Estado de Segurança
Pública do Haiti, Aramick Louis, pediu hoje que a Polícia "aumente a
vigilância sobre deslocamentos de crianças".
"Há uma grande demonstração de
solidariedade em relação ao Haiti. Apreciamos isso, mas é nosso
dever garantir que tudo seja feito segundo as leis," afirmou Louis.
Foi anunciado hoje que uma equipe
espanhola, com ajuda das forças de segurança haitianas, analisará
cinco mil amostras genéticas de crianças que procuram seus pais e de
famílias que denunciaram a perda de seus filhos depois do terremoto
de 12 de janeiro.
Acompanhada da embaixadora haitiana
na Espanha, Yolette Azor-Charles, a secretária de Estado de
Cooperação da Espanha, Soraya Rodríguez, comunicou hoje em Madri que
o Governo espanhol ofereceu gratuitamente ao Haiti o programa
DNA-Prokids da Universidade de Granada, que identificou cerca de 200
crianças em 12 países desde 2006.
A embaixadora estimou em 400 mil o
número de crianças em situação de abandono em seu país,
"aparentemente órfãs".
Composta por células epiteliais da
boca, a amostra biológica é numerada com um código e unida a uma
ficha com dados pessoais, suas impressões digitais e uma foto.
Tudo isso será enviado ao laboratório
de medicina legal da Universidade de Granada, que apenas gere a
informação, já que o dono do material é o Governo haitiano. Ali, os
dados serão analisados e cruzados com uma segunda base de dados em
busca de coincidências genéticas.
Com a ajuda da Polícia haitiana, o
recolhimento de dados será feio em locais como hospitais, orfanatos
e acampamentos móveis.