Segundo a rede de televisão estatal "Al-Iraquiya",
o condenado foi punido na forca, mesmo método aplicado contra Saddam
Hussein em 30 de dezembro de 2006.
Em declarações à emissora, o
porta-voz do Governo iraquiano, Ali al-Dabbagh, confirmou a execução
hoje de "Ali, o Químico", embora não tenha confirmado a forma
utilizada para matá-lo.
Al-Dabbagh destacou que as
autoridades possuem o testamento do condenado, o qual determina que
seu corpo seja entregue à sua família, decisão que será cumprida.
"Cumprimento as famílias das vítimas
dos crimes cometidos por al-Majeed", disse o porta-voz do Governo.
"Vocês têm que ser otimistas no futuro porque a Justiça de Alá está
sendo cumprida", acrescentou.
A morte de "Ali Químico" coincidiu
hoje com um triplo atentado em pleno centro de Bagdá contra vários
hotéis, que deixou pelo menos 36 mortos e 71 feridos.
Al-Majeed era considerado o mais
brutal representante do regime de Saddam, com quem tinha notórias
semelhanças físicas. Ministro da Defesa e do Interior do regime,
cresceu politicamente graças ao apoio de Saddam.
O anúncio da morte de "Ali, o
Químico" feito pela rede de televisão "Al-Iraquiya" foi acompanhado
de imagens de valas comuns e das brutais torturas aplicadas durante
os anos da ditadura.
A última condenação à morte recebida
por "Ali, o Químico" foi proferida em 17 de janeiro passado em um
julgamento por ter ordenado em 1988 um ataque com gás venenoso
contra os curdos, na cidade de Halabja, no qual morreram 5 mil
pessoas.
Os feridos no ataque afirmaram que a
aldeia foi atacada com armas químicas e identificaram "Ali, o
Químico" como o principal culpado, pois era o responsável pelo
Escritório de Organização do Norte do extinto partido Baath.
Anteriormente, tinha sido condenado à
pena de morte em 2 de março do ano passado por planejar o
assassinato de dezenas de xiitas em fevereiro de 1999, após a morte
de seu mais importante líder, Mohammed Sadeq al-Sadr, assim como seu
filho, na província xiita de Najaf, ao sul de Bagdá.
Em 2 dezembro de 2008, recebeu outra
sentença similar por seu papel na repressão da revolta xiita no sul
do Iraque após a derrota militar consequente da invasão do Kuwait em
1991.
Seis meses antes, em 24 de junho de
2007, tinha sido condenado a morrer na forca ao ser responsabilizado
pela campanha de Anfal, entre 1987 e 1988, que causou a morte de
quase 180 mil curdos iraquianos pela utilização de armas químicas.
O ex-ministro nasceu em 1941 em
Tikrit (Iraque), cidade natal também de Saddam Hussein. Por
pertencer à família que guiou os destinos do país durante mais de 24
anos, logo assumiu o cargo de ministro da Defesa, bem como entrou no
Conselho do Comando Revolucionário, instância suprema de poder do
antigo regime.
"Ali, o Químico" passou por vários
cargos no Governo. Além da pasta da Defesa, também foi ministro do
Interior do Iraque e governador do Kuwait durante a ocupação em
1990.
Em 23 de agosto de 2003, foi detido
pelas forças americanas presentes no Iraque. Naquela época,
al-Majeed era o quinto na lista dos 55 iraquianos mais procurados
pelos Estados Unidos e era o "rei de espadas" no baralho publicada
pelo Pentágono com os principais colaboradores de Saddam.