"Os abortos seletivos continuam sendo
muito frequentes, sobretudo nas zonas rurais", da China, que conta
atualmente com 1,3 bilhão de habitantes, indicaram uma série de
pesquisas publicadas pela Academia de Ciências Sociais da China,
citadas pelo jornal Global Times.
As famílias que vivem da agricultura
preferem ter filhos homens por motivos tradicionais e econômicos: já
que a maior parte da população não pode contar com um sistema de
aposentadoria e proteção social, a maior parte da população idosa
depende dos filhos para sobreviver. Assim, os casais preferem ter
filhos, já que as filhas vão morar com a família do marido depois do
casamento.
Assim, o desnível de gêneros na
China, que era de 108 homens para 100 mulheres em 1982, saltou para
119 homens para 100 mulheres, de acordo com dados da Comissão de
Planejamento Familiar.
A tendência se acentuou com a
facilitação do acesso a tecnologias modernas de exames pré-natais,
que permitem identificar o sexo do embrião - embora, na teoria, a
equipe médica não tenha autorização para revelar esta informação aos
futuros pais, justamente para evitar um eventual aborto.
Em algumas áreas do país, o
desequilíbrio chega a 130 homens para cada 100 mulheres, segundo um
recente relatório publicado pelo jornal Mirror.
As autoridades estimam que uma
proporção saudável entre gêneros normal seja de 103 a 107 homens
para cada 100 mulheres.
Desde o fim dos anos 70, as
autoridades chineses mantêm uma rígida política de controle de
natalidade, para evitar o crescimento exponencial da população. Esta
política, no entanto, limita a autorização de nascimentos a um filho
por casal; há, no entanto, algumas exceções no campo e em regiões
habitadas por minorias étnicas.
Segundo um pesquisador da Academia de
Ciências Sociais, os principais prejudicados por esse desequilíbrio
demográfico são homens de renda mais baixa.
A enorme dificuldade para encontrar
uma esposa em algumas regiões já provoca fenômenos preocupantes,
como sequestros em países limítrofes, assim como o aumento do número
de mulheres obrigadas a se casar ou a se prostituir.
Segundo um dos pesquisadores citados,
Wang Yuesheng, muitos homens das regiões mais pobres do país correm
o risco de permanecer solteiros por toda a vida, o que pode causar
"uma ruptura das linhagens familiares".
"As chances de encontrar esposa é
rara no campo para homens de mais de 40 anos, que serão mais
dependentes dos seguros sociais, pois terão menos recursos para
sobreviver", alertou.