Ontem à noite, Cristina recebeu
Santos na Casa Rosada, onde conversaram sobre as soluções para a
crise com a Venezuela. Na quinta-feira passada, o presidente
venezuelano, Hugo Chávez, anunciou a ruptura das relações com a
Colômbia e enviou 20 mil militares para a fronteira. O gesto ocorreu
em reação à denúncia do embaixador colombiano junto à Organização
dos Estados Americanos (OEA) de que Chávez dá guarida a 1.500
rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do
Exército de Libertação Nacional (ELN).
O encontro com Santos já estava
marcado havia duas semanas e fazia parte da série de viagens que ele
empreendeu à região antes de tomar posse no próximo dia 7 de agosto.
Porém, com a elevada tensão entre os dois países, o assunto dominou
a agenda com Cristina e continuou no jantar que ele teve com Néstor
Kirchner, na residência do embaixador colombiano em Buenos Aires.
Celulose
Como secretário-geral da Unasul,
Kirchner iniciou as conversas com os dois lados do conflito para
tentar apaziguar a tensão. "Dois países irmãos não podem estar em
enfrentamento", definiu Kirchner momentos antes do jantar, sem
recordar que quando ele era presidente iniciou um conflito com o
Uruguai, que durou quase seis anos por causa da construção de uma
fábrica de papel e celulose. Foi há apenas poucos meses, depois da
posse de José Mujica na presidência do Uruguai, que os dois países
voltaram a se falar, mas o problema em torno da fábrica ainda
continua em processo de negociação.
Porém, Kirchner se propõe em "aportar
paz" à tormentosa relação entre Álvaro Uribe e Hugo Chávez. No dia 5
ele vai se reunir com o venezuelano em Caracas e um dia depois com
Uribe, em Bogotá. No dia seguinte será a posse de Santos, que
contará com a presença dos Kirchner. Antes, Néstor vai manter um
segundo encontro com o presidente eleito, com quem Chávez já
manifestou abertura para dialogar e encontrar um consenso. Maduro
antecipou que na reunião entre os chanceleres da Unasul, marcada
para quinta-feira em Quito, no Equador, a Venezuela vai apresentar
uma proposta de paz.