Mas a empresa, alvo da ira popular
por causa do vazamento de petróleo no golfo do México, negou que
precise de uma mudança cultural, e quer deduzir os custos do
acidente, inclusive as possíveis multas, dos impostos a pagar nos
EUA, o que custará quase 10 bilhões de dólares ao contribuinte
norte-americano.
A BP disse que o presidente executivo
Tony Hayward deixará o cargo em outubro, para ser substituído pelo
norte-americano Bob Dudley. No seu novo balanço trimestral, a
empresa previu um prejuízo de 17 bilhões de dólares por causa do
vazamento, o pior na história dos EUA.
"Acredito que não seja possível para
a empresa avançar nos Estados Unidos comigo permanecendo como o
rosto da BP", disse Hayward a jornalistas por teleconferência.
"Então acho que pelo bem da BP, e particularmente pelo bem da BP nos
Estados Unidos, é correto que eu (...) renuncie."
Carl-Henric Svanberg, presidente da
companhia, disse que a BP vai "olhar bem" para si mesma e "será uma
companhia diferente daqui por diante."
Dudley negou que a cultura da BP
tenha contribuído com o vazamento, e disse que a empresa continuará
procurando os projetos mais difíceis do setor petrolífero.
Investidores e analistas dizem que a
cultura interna da BP estimula mais riscos do que na concorrência, o
que gera mais lucros. Mas críticos dizem que isso contribuiu com a
explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril, que matou
11 funcionários e causou o vazamento.
"Uma mudança total na cultura desta
companhia é necessária", disse o parlamentar democrata dos EUA Ed
Markey na segunda-feira à TV CBS.
Desde o acidente, a BP perdeu cerca
de 70 bilhões de dólares do seu valor de mercado, mas suas ações têm
tido forte recuperação nas últimas semanas.
As ações da empresa haviam subido na
segunda-feira, com os rumores de que Hayward deixaria o comando, mas
caem cerca de 2,5 por cento nesta terça sob o impacto do grande
prejuízo trimestral.