O pequeno estudo, realizado com
apenas 20 pacientes, concluiu que a droga sintética, também
conhecida como MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), seria segura e
ajudaria a melhorar os efeitos da psicoterapia.
A equipe enfatizou que mais pesquisas
são necessárias para confirmar esses resultados e já obteve
aprovação para um estudo maior, usando veteranos de guerra do
Exército americano.
Comentando a pesquisa, o especialista
britânico Simon Wessely, no entanto, afirmou que é difícil tirar
qualquer conclusão a partir de um estudo tão pequeno e pediu
cuidado.
Experimento
Os pesquisadores americanos suspeitam
que a droga - que, apesar de ilegal, é popular entre alguns grupos
de jovens - ajude a reduzir o medo nos pacientes, permitindo que
eles tirem maior proveito das sessões de terapia.
Em artigo publicado na revista
científica Journal of Psychopharmacology, a equipe disse que os
pacientes foram selecionados de acordo com critérios rigorosos:
todos sofriam de TEPT há vários anos e tinham se submetido, sem
sucesso, a tratamentos convencionais.
Pacientes com histórico de psicose e
vícios foram excluídos.
Cada participante foi submetido a
duas sessões de psicoterapia com um intervalo de algumas semanas
entre a primeira e segunda sessão. Cada sessão durou oito horas.
Dos 20 voluntários, 12 receberam uma
dose de ecstasy e oito receberam um placebo, substância neutra sem
efeitos farmacológicos utilizada para controle em pesquisas.
Dois meses mais tarde, 10 pacientes
do grupo que tomou ecstasy (mais de 80%) apresentaram resposta
positiva ao tratamento, segundo os especialistas.
Em contrapartida, apenas dois dos
oito pacientes que tomaram placebo (25%) deram sinais de melhora.
Segundo os pesquisadores, não houve
efeitos adversos resultantes do uso da droga durante o estudo,
financiado pela Multidisciplinary Association for Psychedelic
Studies (MAPS), uma organização sem fins lucrativos que defende o
uso de entorpecentes em tratamentos médicos.
Terapia
Criado em 1914 para ser usado como
moderador de apetite, o ecstasy chegou a ser utilizado por
psiquiatras em várias partes do mundo como auxílio para terapias,
até se tornar ilegal em vários países.
O chefe do novo estudo, o psiquiatra
Michael Mithoefer, afirma que, durante o tratamento para o TEPT, há
uma tentativa de fazer o paciente retornar à situação que causou o
trauma, o que muitas vezes dificulta a terapia. A droga poderia
ajudar nestas situações.
"(A terapia) não tem efeito se a
pessoa for inundada por emoções que não consegue processar ou se ela
está emocionalmente anestesiada".
"A MDMA parece colocar a pessoa em um
estado mental perfeito para a terapia e parece ajudar o paciente a
processar o trauma e não ficar possuído pela emoção".
Mithoefer disse que o próximo passo é
dar início a um experimento envolvendo 40 veteranos do Exército
americano, que será sucedido por outros estudos, com grupos ainda
maiores de pacientes.
A equipe também está monitorando
pacientes para avaliar os efeitos do tratamento a longo prazo e para
descobrir se ele aumenta as chances de que pacientes venham a
utilizar a droga por conta própria. Até o momento, segundo Mithoefer,
os resultados são encorajadores.
Cautela
Para o especialista em TEPT Simon
Wessely, do King's College, de Londres, consultor em psiquiatria do
Exército britânico, o modesto tamanho do estudo dificulta qualquer
conclusão neste estágio.
Ele também se mostra cauteloso com o
uso do ecstasy em tratamentos.
"Uma vez que o uso de drogas está
associado a muitos problemas mentais, incluindo TEPT, eu vou
precisar de muito mais informações antes de poder recomendar (o
tratamento)".