Com esse desempenho, a web
ultrapassou os caixas eletrônicos, que responderam por 29,8% do
movimento. Entre 2006 e 2008, os terminais de autoatendimento
reinaram como principal meio de acesso às instituições financeiras.
Pesquisa anual do Banco Central
mostra que o relacionamento bancário está cada vez mais longe das
instalações tradicionais. Em 2009, as agências foram apenas o
terceiro canal mais usado, com 23,8% das operações. Até 2006, eram a
segunda via preferida, atrás apenas do autoatendimento.
Custo baixo. Para os bancos, a
migração para a internet é incentivada basicamente pelo custo. O
professor do Centro de Excelência Bancária da Fundação Getúlio
Vargas (FGV) Eduardo Diniz lembra de pesquisa do Departamento de
Comércio dos Estados Unidos que mostra que uma operação via internet
custa, para o banco, 1% da mesma transação na agência.
"Fica muito claro porque a internet é
tão incentivada", diz o especialista.
Além do custo, o banco virtual também
ganhou adeptos porque mais brasileiros passaram a ter acesso à
internet. Com o aumento da renda especialmente das famílias de menor
poder aquisitivo, clientes da chamada "nova classe média" passaram a
ter computadores, o que aumentou o alcance do internet banking.
O professor da FGV observa, porém,
que cerca de 50% dos clientes que usam o banco virtual no Brasil só
consultam saldos e extratos. "Não é que o brasileiro tenha
resistência, mas é que o uso só aumenta com a experiência do
cliente. Há alguns anos, apenas um terço fazia transação. Hoje, já é
metade. Em pouco tempo, mais clientes terão segurança para pagar
contas ou transferir dinheiro", diz.
Caixa compartilhado. O levantamento
do BC também mostra que bancos deixaram de instalar caixas
eletrônicos de uso exclusivo, aqueles em que apenas clientes da
própria instituição podem realizar operações.
Em 2009, foram desligados 339
terminais desse tipo. Em compensação, foram instaladas 7.492
máquinas compartilhadas - que podem ser usadas por clientes de
vários bancos. Hoje, 54% dos equipamentos existentes são exclusivos
e 46% são compartilhados. Em 2004, a proporção era de 78% ante 22%,
respectivamente.
"Esse movimento reduz custos e
otimiza o uso das máquinas, o que é positivo para todos. Com isso, a
rede de caixas eletrônicos poderá chegar a locais que ainda não são
atendidos", diz o professor da FGV.
Diniz chama a atenção para o fato de
que a pesquisa do BC tem números divergentes de estudo recente da
Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Pelo levantamento da Febraban, caixas
eletrônicos seguem como principal canal de atendimento, com 33,2% do
movimento. A internet ficou em segundo, com 19,5%.
Segundo o BC, a desigualdade "pode
ser atribuída às diferenças de metodologia".