A mulher, identificada pelo site
investigativo como Claire T., disse que Eric Woerth, ministro do
Trabalho de Sarkozy que era seu ministro do Orçamento na época e já
ocupava o cargo de tesoureiro do partido União por um Movimento
Popular (UMP), recebeu a doação em nome de Sarkozy em 2007. Ela
revelou também que Sarkozy era um visitante regular da residência da
família Bettencourt, onde também ele supostamente teria recebido
envelopes com dinheiro quando era prefeito da cidade de Neuilly.
O advogado da contadora, Antoine
Gillot, confirmou à AFP que sua cliente contou à polícia sobre as
supostas doações.
Woerth, negou as acusações. "No nível
político, eu nunca toquei um euro sequer que não fosse legal",
afirmou o ministro em entrevista à rede de notícias I-Tele. "Estou
totalmente ultrajado. Há oito anos sou tesoureiro do meu partido e
não acho que tenha feito qualquer coisa errada. Tudo é transparente,
tudo é limpo, tudo é claro".
Há quase três semanas o governo tem
sido atormentado por informações dos meios de comunicação locais de
que gravações secretas de conversas particulares do círculo íntimo
de Bettencourt mencionavam Woerth. Ele é o encarregado de conduzir
uma importante, embora impopular, reforma do sistema previdenciário
francês antes da eleição presidencial de 2012.
A polícia francesa abriu um inquérito
para investigar as supostas doações ilegais à campanha de Sarkozy.
Nesta semana, dois ministros renunciaram após revelações de que
gastaram dinheiro público com charutos e jatos de luxo.
Desgaste
"Eu adoraria que o país se
preocupasse com grandes problemas...em vez de se interessar em
calúnias cujo único objetivo é espalhar acusações sem base real",
disse Sarkozy. O presidente não se referiu diretamente às acusações,
mas pediu que os eleitores se concentrem em questões de saúde, na
reforma previdenciária e da recuperação econômica.
Eleito em 2007 pelo UMP, Sarkozy tem
visto sua aprovação cair para os níveis mais baixos de seu governo e
enfrenta uma crescente batalha para colocar seu programa de reformas
nos trilhos antes de tentar a reeleição.
Sarkozy defendeu Woerth após a
revelação de que sua mulher trabalhou para a empresa que gerencia a
fortuna pessoal de 17 bilhões de euros de Bettencourt. Mas, com o
chefe de Estado agora implicado pessoalmente no escândalo,
importantes aliados de direita, incluindo o líder do UMP no
parlamento, Jean-Francois Cope, pediu que o presidente "fale com o
povo francês" sobre o escândalo. Mas um porta-voz do UMP afirmou que
o comentário foi uma opinião pessoal e não expressava a posição
oficial do partido. Cope é considerado um potencial candidato à
presidência nas próximas eleições. Auxiliares do presidente
confirmaram que ele estuda a possibilidade de fazer um comunicado
pela televisão.
O líder socialista da oposição no
Parlamento, Jean-Marc Ayrault, disse que o inquérito tornou-se uma
"crise política na liderança do governo".