Da mesma forma com que os ataques do
11 de setembro modificaram profundamente a política externa dos
Estados Unidos, este desastre ecológico "vai nos levar a repensar
nossa política ambiental e energética", estimou Obama, em entrevista
concedida ao jornal Politico.
A tragédia mostra que é tempo de
"fazer a transição" para novas fontes de energia, completou o
presidente, cuja administração tenta fazer aprovar no Congresso uma
lei de redução das emissões de gases de efeito estufa.
Mais de oito semanas após a explosão
da plataforma Deepwater Horizon, administrada pela companhia de
petróleo British Petroleum, na costa de Louisiana, a prioridade
imediata continua sendo a de fechar o poço de onde escoa petróleo a
mais de 1,5 km de profundidade - objetivo que deve ser atingido em
meados de agosto, quando os outros poços secundários estarão
prontos.
A BP, que conseguiu captar parte do
fluxo, 15 mil barris por dia, através de um "funil" com eficácia
limitada, anunciou nesta segunda-feira, em resposta a um pedido do
governo Obama, que prevê aumentar o número de barris para 50 mil por
dia (8 milhões de litros) até o fim de junho.
As autoridades americanas seguem
incapazes de avaliar com precisão a quantidade de petróleo que vaza,
estimando em cerca de 20 mil a 40 mil barris por dia.
Obama deixou Washington para uma
viagem de dois dias, passando pelos estados afetados Mississipi,
Alabama e Flórida.
Na primeira escala, em Gulfport
(Mississipi), ele se encontrará com o chefe da guarda-costeira
encarregado de coordenar as operações que tentam impedir o vazamento
e recuperar o petróleo despejado, Almirante Thad Allen.
De acordo com um alto funcionário da
Casa Branca, o presidente participará de "uma mesa-redonda com
moradores da região" que vivem principalmente da pesca e do turismo,
dois setores afetados pela catástrofe.
Obama inspecionará depois, no
Alabama, um depósito de equipamentos utilizados nas operações. Na
terça-feira, o presidente irá a Pensacola, área turística do oeste
da Flórida, antes de embarcar em um voo de volta a Washington, onde
deve pronunciar um discurso dedicado à maré negra, no Salão Oval, às
20h00 (21h00 de Brasília).
Esta visita é uma prova da disposição
da Casa Branca em retomar o controle da situação. Obama quer
"apresentar as etapas que virão a partir de agora para que esta
crise seja superada", segundo seu principal conselheiro, David
Axelrod.
Ele deverá se reunir na quarta-feira,
na Casa Branca, com o presidente e com o diretor da BP, Carl-Henric
Svanberg e Tony Hayward.
O grupo britânico estimou nesta
segunda-feira que o vazamento já custou à empresa 1,6 bilhão de
dólares.
A empresa sofreu pressões do governo
americano para reduzir ou suspender a concessão de seus dividendos.
Axelrod mencionou, também, a exigência de criação de uma conta
embargada financiada pela BP para assegurar o pagamento das
indenizações às vítimas.