O general Luis Mendieta e os coronéis
Enrique Murillo e William Donato Gómez, da Polícia, assim como o
sargento do Exército Arbey Delgado, chegaram à base aérea de Catam,
em Bogotá, onde encontraram e abraçaram seus entes queridos. Muito
emocionados, alguns deles viram seus filhos pela primeira vez.
Os ex-reféns fizeram declarações à
imprensa e agradeceram ao presidente Álvaro Uribe, às Forças Armadas
e aos jornalistas que se solidarizaram com eles e usaram seus meios
para que eles pudessem ter notícias de suas famílias.
A "Operação Camaleão", como foi
batizada, foi "perfeita e impecável", reconheceram os resgatados,
assim como o chefe do Exército colombiano, Óscar González, e o
diretor da Polícia Nacional, Óscar Naranjo.
No início da tarde de domingo, Uribe
anunciou, em Quibdó, capital do departamento de Chocó, as
libertações de Mendieta e Murillo, antes de confirmar a de Delgado.
A incerteza surgiu quando o Exército
reconheceu que não tinha encontrado o quarto sequestrado, o coronel
Donato Gómez, que durante o primeiro enfrentamento com os
guerrilheiros fugiu e se escondeu até a manhã desta segunda-feira,
quando os militares o acharam.
Inicialmente, os quatro foram levados
de Calamar, no departamento de El Guaviare, onde foi realizada a
operação, para a base militar de Barrancón, e de lá para San José
del Guaviare, capital departamental.
Depois foram levados a bordo de um
Antonov para Bogotá, onde os quatro ressaltaram que foram resgatados
em uma operação "limpa", "transparente" e "histórica".
O general Mendieta, policial com mais
alto cargo sequestrado pelas Farc, contou que houve cerca de 20
minutos de combates e "cada um tomou um rumo diferente, cada um saiu
por seu lado".
Nesse momento, os sequestrados eram
custodiados por seis guerrilheiros, liderados por um homem conhecido
como Jesús e sua companheira, que, "quando começaram os disparos,
saíram correndo do acampamento para diferentes lugares da floresta",
disse Mendieta.
O alto oficial, além de expressar uma
"cordial e respeitosa saudação de agradecimento" ao presidente
Uribe, também falou palavras emocionadas para o ministro da Defesa
Gabriel Silva e para a cúpula do Exército, assim como para a
imprensa.
"Saio no momento sem saber muitas
coisas do mundo, do país, além dos 12 anos de atraso acadêmico,
intelectual", admitiu.
Enquanto isso, o sargento Delgado,
abraçado a suas duas filhas, lembrou que tinha 29 anos quando foi
sequestrado e hoje tem 41.
"Os guerrilheiros saíram correndo,
deixaram os fuzis e os equipamentos", disse, sobre a operação.
Já o coronel Donato Gómez, a quem o
Exército buscou durante toda a noite, também agradeceu a Uribe por
sua libertação.
"Esperamos 12 anos. O Exército, que
se preparou durante tantos anos, hoje atuou de forma limpa e
transparente. Eu não sei com que comparar esta operação", insistiu.
Por último, o coronel Murillo repetiu
os agradecimentos e citou vários nomes de jornalistas e meios de
comunicação que se solidarizaram com os sequestrados.
"Foi uma operação de inteligência
muito especializada, muito minuciosa", disse o chefe do Exército
colombiano, enquanto o diretor da Polícia Nacional afirmou que as
famílias dos sequestrados foram "um símbolo e testemunho de vida"
durante estes longos 12 anos.
Segundo um primeiro boletim médico,
os libertados, apesar de terem passado todo esse tempo em cativeiro,
estão razoavelmente bem de saúde, mas uma avaliação completa será
realizada depois de passarem um tempo com seus familiares.
Os quatro resgatados faziam parte de
uma lista de policiais e militares sequestrados pelas Farc, que a
guerrilha pretende trocar por insurgentes presos.