O Ibovespa, o principal termômetro
dos negócios da Bolsa paulista, avançou 4,11% no fechamento, aos
65.452 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,54 bilhões, pouco
abaixo da média (R$ 7 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones (da
Bolsa de Nova York) subiu 3,90% na conclusão dos negócios.
"O mercado já esperava há muito tempo
por isso, e que queria ver a própria região [a zona do euro]
defendendo a sua moeda. Os mercados reagiram positivamente a algo
que é realmente positivo, mas que já deveria ter ocorrido", comenta
Kelly Trentin, analista-chefe da corretora Spinelli, ressalvando:
"esse pacote não exclui a possibilidade de que as Bolsas voltem a
ficar estressadas lá na frente".
Profissionais de mercado têm
recomendado aos clientes que saíram da Bolsa na semana passada que
permaneçam de fora, aguardando os próximos desdobramentos. Para os
que ficaram, o conselho é não mexer na carteira, pelo menos no curto
prazo. "As Bolsas podem sofrer ajustes nos próximos dias. Assim como
foi um exagero as quedas de 5% [na semana passada], foi um exagero
essa alta de 4%", afirma Pedro Braz, da mesa de operações da TOV
Corretora.
O dólar comercial foi vendido por R$
1,777, em um decréscimo de 3,99%, a queda mais acentuada em 17
meses. A taxa de risco-país marca 211 pontos, número 12,08% abaixo
da pontuação anterior.
"Há grandes possibilidades do dólar
continuar rodando abaixo de R$ 1,80 pelo restante da semana, pelo
menos", comenta Carlos Alberto Postigo, gerente da Casa Paulista
(Banco Paulista). "Nós provavelmente vamos ver nos próximos dias uma
recuperação do euro, que hoje oscilou entre US$ 1,31 e US$ 1,27, mas
terminou o dia perto das mínimas. As Bolsas [de Valores] oscilaram
muito mais", acrescenta.
Entre outras notícias importantes do
dia, o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, revela que a
maioria dos economistas do setor financeiro reajustou para sua cima
para suas previsões para a inflação deste ano: o IPCA projetado para
2010 passou de 5,42% para 5,50%. Trata-se da 16ª semana consecutiva
que a mediana dessas estimativas é revista para cima.
A FGV detectou inflação de 0,47% para
o mês de maio, conforme a leitura do IGP-M, ainda em sua primeira
estimativa. Um mês antes, a inflação foi calculada em 0,27%.
O Ministério do Desenvolvimento
informou que a balança comercial teve superavit de US$ 517 milhões
na primeira semana de maio. No ano, a balança acumula saldo
comercial de US$ 2,692 bilhões.
Entenda o pacote
A União Europeia anunciou um pacote
orçado em 750 bilhões de euros (quase US$ 1 trilhão) para defender a
moeda europeia e impedir a criação de uma crise sistêmica na região.
Desse montante, uma parcela de 250 bilhões de euros virá do FMI
(Fundo Monetário Internacional).
Parte dos 750 bilhões de euros vão
servir para uma ação fundamental: a compra pelo BCE (Banco Central
Europeu) de títulos de dívida privada e pública das economias mais
problemáticas, como Grécia e Portugal.
Às voltas com sérios problemas
fiscais, quando esses países tentam levantar recursos no mercado
internacional, oferecendo títulos com promessas de juros para
grandes investidores globais, são forçados a pagar taxas muito altas
para encontrar compradores.
Endividando-se a juros muitos altos,
e a prazos muito curtos, os países caem ainda mais na desconfiança
dos mercados e agências de "rating" (nota de risco de crédito) como
S&P e Moody's rebaixam suas classificações.
O BCE já avisou que essas compras de
títulos públicos começaram já nesta segunda-feira, de modo a
estimular a queda dos juros pagos nesses papéis.
Outra parcela dos 750 bilhões de
euros será utilizada para empréstimos de emergência para as
economias mais problemáticas da região, como a Espanha e Irlanda,
além das já citadas Grécia e Portugal.
Pelo menos 60 bilhões de euros foram
orçados especificamente para esse objetivo, sendo que outros 440
bilhões foram reservados para um sistema de garantias, de modo a
constituir o que já se intitula um "mecanismo de estabilização
europeu".
O pacote europeu também prevê que os
países envolvidos assumam planos de redução dos deficits nacionais e
de reformas estruturais em ritmo acelerado. Lisboa e Madri já se
comprometeram com reduções do deficit público para 2010 e 2011,
prometendo anunciar maiores detalhes no próximo dia 18.