Os EUA haviam divulgado o número de
ogivas estratégicas operacionalmente instaladas em 1.968 no final de
2009 --bem menos que as 10 mil de 1991. É a primeira vez, no
entanto, que o total geral é revelado. De acordo com dados
divulgados pelo Pentágono, o arsenal americano foi reduzido em 84%,
de um total de 31.225 armas nucleares que o país possuía em 1967.
Segundo a Federação de Cientistas
Americanos, órgão sem fins lucrativos, o número não inclui as armas
nucleares desativadas, que aguardam desmontagem --estimadas em cerca
de 4.600.
O Tratado de Não-Proliferação Nuclear
(TNP) é considerado o pacto de armas nucleares mais importante do
mundo, responsável por evitar a proliferação delas para dezenas de
países desde que entrou em vigor, em 1970.
Os membros do tratado se reúnem a
cada cinco anos para discutir novas abordagens do tema. Os únicos
países que não são signatários são Índia, Paquistão, Coreia do
Norte, todos países que têm arsenal nuclear ou programas de armas, e
Israel, que tem um arsenal nuclear não reconhecido.
Em três das sete últimas
conferências, os membros não conseguiram chegar a um consenso de
declaração, inclusive em 2005, quando a administração americana do
presidente George W. Bush não estava disposta a discutir controle de
armas.
Obama trouxe os EUA de volta à mesa
de negociações, inclusive assinando um novo acordo com a Rússia para
redução do arsenal nuclear.
Apesar disso, o presidente desta
conferência, o diplomata filipino Libran N. Cabactulan, disse que o
principal objetivo de vários membros é pressionar as potências
nucleares do PNT --incluindo Reino Unido, França e China-- a
promoverem o desarmamento de forma mais rápida.
Revelação
Para analistas, ao revelar as
informações durante a conferência para a revisão do TNP, os EUA
tentam demonstrar que trabalham para diminuir seu arsenal nuclear,
tentando, dessa forma, persuadir outros países a endurecer o
controle da proliferação de tais armas.
"É enormemente importante para os
Estados Unidos conseguirem dizer: 'Olhem, estamos cumprindo nossas
obrigações sob o TNP'", disse Hans Kristensen, diretor do Projeto de
Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos. Só assim,
segundo ele, Washington conseguirá convencer outros países a adotar
novas medidas para limitar a proliferação.
Outros analistas, no entanto, acham
que a divulgação da cifra pode ter efeito contrário, demonstrando
que, duas décadas após o final Guerra Fria, os Estados Unidos ainda
preservam milhares de armas nucleares.
"Acho que os países que estão mais
preocupados com o desarmamento nuclear vão ficar mais focados no
número que permanece, em vez do número (reduzido)", disse George
Perkovich, diretor do Programa de Política Nuclear do Fundo Carnegie
para a Paz Internacional.
Historicamente, o tamanho total do
arsenal nuclear dos EUA era mantido em sigilo para impedir que
adversários usassem essa informação para tentar neutralizá-lo de
modo mais preciso.
Para analistas, a manutenção dessa
postura até agora era uma "relíquia" da Guerra Fria.
Hillary
Falando hoje na ONU, a scretária de
Estado dos EUA, Hillary Clinton, adotou um tom ainda mais duro
contra o Irã nesta segunda-feira ao afirmar que a ambição nuclear do
país do Oriente Médio coloca o mundo em risco. Ela voltou a pedir
uma dura resposta internacional contra o programa nuclear iraniano.
Hillary propôs que o tratado de
não-proliferação torne-se mais rígido com a introdução de
"penalidades automáticas" para aqueles que não cumprirem as regras,
em vez de depender de tanta diplomacia. As ações do Irã "colocaram
em risco o futuro do regime de não-proliferação", disse ela.
O programa nuclear do Irã tornou-se o
foco das atenções na conferência da ONU (Organização das Nações
Unidas).
Mais cedo hoje, o presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou as acusações de que seu país mantém um
programa nuclear com fins militares e disse que as nações que
ameaçam usar armas atômicas deveriam ser punidas, numa clara
referência aos Estados Unidos.
O presidente afirmou ainda que
"nenhuma única prova" foi apresentada até o momento sobre as
alegações do Ocidente de que o programa nuclear do Irã tenha fins
militares.
Sanções
Os EUA e outras potências ocidentais
acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares violando o
compromisso feito sob o tratado de não-proliferação. O Irã afirma
que seu programa nuclear visa apenas gerar eletricidade.
Três membros permanentes do Conselho
de Segurança da ONU --França, Reino Unido e EUA-- têm pressionado
por uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã.
A China e a Rússia, que também são
membros permanentes do Conselho de Segurança, têm importantes
relações comerciais com o Irã e, por isso, se mostram relutantes em
apoiar as sanções.
As negociações têm se desenrolado por
semanas e diplomatas das seis nações confirmam que estão longe de um
acordo. A presença de Ahmadinejad nos EUA poderia ser, neste caso,
um distrativo nada bem-vindo.