"Acreditamos que é a flexibilidade,
não o dogmatismo que aproxima os povos. É esse espírito que nos
guiou na negociação com o Irã... e constitui uma oportunidade que
não pode ser desperdiçada", disse Lula em Brasília em discurso ao
lado do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan.
Lula afirmou que é necessário que os
países envolvidos nas negociações com o Irã pensem em diálogo e não
em confronto e que se o Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas (ONU) tivesse membros permanentes sem armas nucleares,
o diálogo com Teerã seria "mais fácil".
"É preciso que as pessoas digam
claramente se querem construir possibilidade de paz ou se querem
construir possibilidade de conflito", disse Lula.
Brasil e Turquia mediaram há duas
semanas em Teerã um acordo com o presidente iraniano, Mahmoud
Ahmadinejad, que prevê a troca de combustível nuclear com a
República Islâmica.
O Irã é acusado pelas principais
potências ocidentais de usar seu programa nuclear como disfarce para
a produção de armas, o que Teerã nega.
Sob o acordo, o governo iraniano
comprometeu-se a enviar parte de seu urânio baixamente enriquecido à
Turquia para receber em troca o combustível especialmente processado
para um reator utilizado para fins medicinais.
No entanto, horas depois do anúncio
do acordo, as potências lideradas pelos Estados Unidos aprovaram o
esboço da quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança da ONU
contra o país.
Para o premiê turco, o momento não é
adequado para discutir sanções ao Irã. Ele acrescentou que os países
que criticam o acordo mediado por ele e Lula são "invejosos".
"Os países que estão criticando são
países que têm armas nucleares e isso é muito contraditório",
declarou Erdogan. Segundo ele, o Irã reafirmou à Turquia que não tem
planos de construir armas nucleares.