LIPOESCULTURA NO BRASIL
A gordura do
organismo está depositada nas células gordurosas. Elas têm a
capacidade de aumentar ou diminuir de volume de acordo com a maior
ou menor quantidade de gordura absorvida no seu interior.
Vários locais do
corpo servem de acúmulo para estas células. Abaixo da pele existe
uma camada denominada de subcutâneo. A maior parte dessas células
deposita-se nesta zona.
Existem, entretanto,
outras regiões que também servem de depósito, como por exemplo, no
interior da cavidade abdominal, entre as alças intestinais. A maior
parte do tecido gorduroso (ou adiposo), entretanto, deposita-se no
subcutâneo.
O grau de adiposidade
de uma pessoa depende de vários elementos. Entre eles destacam-se os
fatores genéticos e o tipo de alimentação.
Os fatores genéticos
são, sem dúvida, elementos importantes no desencadeamento de um
depósito maior ou menor de gordura. Existem verdadeiras linhagens
familiares que predispõem a estes depósitos.
Por outro lado, o
tipo de alimentação também é um fator importante no desencadeamento
de um acúmulo maior ou menor. Um mau hábito alimentar, sem dúvida
pode desencadear a obesidade.
É sabido que o
exercício e as dietas têm condições de desencadear a queima de
gordura e propiciar emagrecimento.
Existem, por outro
lado, depósitos de gordura localizados em determinadas regiões do
organismo, que por regimes alimentares ou exercícios, mesmo
localizados, dificilmente são capazes de serem corrigidos. Existem
alguns exemplos clássicos: na região abdominal inferior (abaixo da
cicatriz umbilical). À medida que a pessoa avança na idade este
depósito tende a ficar cada vez maior, formando uma saliência mais
ou menos proeminente.
Outras zonas, como
por exemplo, a região dos quadris, também pode ser sede de acúmulo
localizado de gordura, formando os culotes.
O estudo destas
regiões de depósito localizado de gordura tem mostrado que
exercícios, ou mesmo emagrecimento, não tem condições de retirar
completamente a quantidade de gordura aí depositada.
Durante muito tempo o
tratamento convencional para este tipo de alteração funcional e
estética foi bastante difícil, pois era realizado com técnicas
precárias e com resultados que deixavam a desejar.
No final da década de
70, um francês denominado Illouz, relatou um método de retirada de
gordura localizada através de um procedimento denominado
lipoaspiração.
Este método consiste
na introdução de uma cânula metálica no subcutâneo que ligada a um
aparelho de fazer vácuo aspira quantidades de gordura. À medida que
a cânula é movimentada no interior da zona de acúmulo de gordura,
esta é absorvida para dentro da cânula e retirada do subcutâneo.
Desta maneira, com esta cirurgia existe a possibilidade de retirar
maior ou menor quantidade de gordura do interior das zonas de
depósito exagerado.
A lipoaspiração não é
um tratamento para a obesidade. Serve sim para retirar acúmulos de
gordura localizada em determinadas regiões do organismo.
No culote, por
exemplo, a gordura deposita-se na face lateral da coxa dando aspecto
antiestético característico desta alteração.
Quando se faz a
lipoaspiração, a retirada da gordura do subcutâneo inicialmente
desencadeia uma zona de excesso de pele. Entretanto, com o tempo,
este excesso vai sofrendo uma retração progressiva. Depois de 30, 60
ou 90 dias observa-se que a pele não apresenta mais as dobras
características do excesso. Às vezes são necessários de 6 meses a 1
ano para que ocorra esta acomodação da pele.
Lipoescultura
Assim como pode ser
feito lipoaspiração, a gordura retirada pode ser reinjetada em
outras zonas do corpo. Costuma se utilizar o termo lipoescultura
quando a cirurgia consiste em na retirada de gordura de determinadas
zonas e reinjeçăo em outras zonas deprimidas.
A gordura reinjetada
sofre um processo de absorção. Aproximadamente 30% desta gordura
injetada é absorvida pelo organismo, de maneira que é necessária uma
correção exagerada (em 30%), para que o resultado final seja
adequado. É claro que nesta circunstância também será necessário
aguardar um tempo de até 1 ano para que ocorra a integração e
acomodação deste tecido transplantado na sua nova posição.
Como é muito difícil
para o cirurgião avaliar exatamente a quantidade de gordura que está
sendo retirada e a que está sendo deixada em seu lugar, existe uma
grande percentagem de casos em que é necessário fazer-se uma
correção (ou retoque) no período pós-operatório. Pequenas
quantidades de gordura podem manifestar-se como saliências mais ou
menos evidentes na superfície externa, após a cirurgia.
Em geral estas
cirurgias de retoque pós-operatório são bastante mais simplificadas
que as cirurgias de lipoaspiração convencional.
Podem ser realizadas
com a anestesia local, e freqüentemente são associadas à
lipoaspiração de outras regiões que não haviam sido realizadas no
primeiro procedimento.
ANESTESIA
Existem diferentes
técnicas anestésicas para a realização de lipoaspiração: pode ser
feita com:
-
anestesia geral
-
anestesia local
-
um bloqueio peridural.
Quando o procedimento a ser realizado é muito prolongado ou a
quantidade de gordura localizada a ser retirada é bastante grande, a
maioria dos cirurgiões prefere a anestesia geral. Nesta técnica o
paciente é mantido, pelo anestesista, sem consciência e sem dor para
que a cirurgia possa ser realizada com tranqüilidade. Quando o
procedimento cirúrgico termina o paciente é acordado e mantido com
analgésicos para evitar a dor pós-operatória imediata. Depois de
algumas horas a medicação para evitar a dor pode ser diminuída pois
o procedimento cirúrgico realizado não desencadeia dor prolongada.
Quando a zonas a
serem lipoaspiradas são pequenas e o paciente tem condições
psicológicas de tranqüilidade para suportar o procedimento
cirúrgico, este pode ser realizado sob anestesia local. Algum tipo
de sedação pode também ser associado.
Existem alguns
cirurgiões que preferem a anestesia do tipo bloqueio peridural.
Nestas circunstâncias, o paciente é submetido a um tipo de anestesia
que permite que ele fique consciente ou com sedação, sem nenhum tipo
de sensibilidade em certas zonas que deverão ser trabalhadas pela
lipoaspiração.
Cada caso deve ser
avaliado cuidadosamente em entrevista tranqüila entre o cirurgião e
o paciente para discussão e escolha do melhor tipo de anestesia.
EXPECTATIVAS DOS PACIENTES
Freqüentemente os
pacientes têm uma expectativa de correção completa de todas as suas
irregularidades de depósito de gordura do subcutâneo. É necessária
esta entrevista franca entre cirurgião e paciente, para que se possa
dirimir as dúvidas e desfazer as fantasias que porventura possam
ainda existir no imaginário do paciente.
Não é infreqüente que
o paciente chegue ao consultório do cirurgião com um desejo de
retirada de todos os excessos gordurosos (em muitas regiões do
corpo).
A quantidade total de
gordura a ser retirada não deve ser exagerada pois existe uma
determinada quantidade de sangue que é também aspirada durante o
procedimento de lipoaspiração. Se a lipoaspiração for muito
volumosa, a perda sangüínea também poderá ser, causando anemia no
paciente.
Na situação de
engorde e emagrecimento, as células gordurosas aumentam ou diminuem
como um balão cheio ou vazio. Nas zonas lipoaspiradas, há a retirada
do contingente celular que permite o funcionamento do tipo balão,
portanto uma vez lipoaspiradas adequadamente com a retirada de
grande parte das células, nestas zonas não há mais a possibilidade
de engorde.
É claro que se o
aporte nutritivo for hipercalórico (com grande quantidade de gordura
e açúcares), outras dezenas de zonas do corpo estariam capazes de
ser aumentadas e o engorde ocorreria novamente.
COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA
Freqüentemente
houve-se falar em complicações da lipoaspiração.
Sem dúvida é um
procedimento delicado que exige todo o cuidado da equipe médica
envolvida no procedimento.
Entretanto é
necessário fazer-se uma diferenciação entre as complicações da
lipoaspiração propriamente dita e as do procedimento anestésico
envolvido no procedimento cirúrgico.
As complicações da
lipoaspiração propriamente dita estão relacionadas com perfurações
ou trauma das estruturas profundamente situadas às zonas
lipoaspiradas. Outra complicação da lipoaspiração propriamente dita
seria a presença de irregularidades na superfície trabalhada. Em
determinadas situações de lipoaspiração bastante superficial, podem
resultar também zonas de hipercromia (zonas mais escuras), que podem
ser corrigidas com substâncias descolorantes.
Esses procedimentos
de descoloração muitas vezes são prolongados.
Não é infreqüente
ouvir-se falar em parada cardíaca e morte durante a lipoaspiração.
É necessário entender
que o procedimento anestésico (do tipo anestesia geral, anestesia
local, ou bloqueio peridural), pode desencadear estas complicações.
Portanto é indispensável a diferenciação entre as complicações da
lipoaspiração propriamente dita e as complicações dos procedimentos
anestésicos envolvidos.
As irregularidades
maiores ou menores podem ser corrigidas com uma lipoaspiração
secundária conforme foi afirmado anteriormente. Se houver perfuração
de uma estrutura profunda, o tratamento específico deve ser
estabelecido assim que for feito o diagnóstico.
As complicações
anestesiológicas também devem ter tratamento imediato assim que for
feito diagnóstico.
Em todas essas
situações de complicações é importante levar-se em consideração que
a profilaxia (evitar), é da maior importância. O extremo cuidado
pode ajudar a evitar complicações mais ou menos severas.
A cirurgia da
lipoaspiração pode ser realizada ambulatorialmente se a quantidade
de gordura a ser a retirada é relativamente pequena, ou com o
paciente baixado, se a quantidade de gordura a ser retirada for de
maior volume.
LIPOASPIRAÇÃO ASSOCIADA A OUTROS PROCEDIMENTOS
A lipoaspiração pode
ser associada a alguns procedimentos cirúrgicos. Por exemplo, quando
se faz uma cirurgia de diminuição da mama muitas vezes é necessário
fazer-se lipoaspiração nas saliências gordurosas ao redor da
glândula mamária. Para a complementação do aspecto estético desta
cirurgia, muitas vezes a retirada de porções de gordura da zona
inferior à axila, ou da zona da linha média, entre as duas mamas,
pode a complementar o aspecto estético global da mama operada.
Na cirurgia do
abdômen também a lipoaspiração pode ser associada. Nas zonas
laterais da parede abdominal, uma lipoaspiração pode provocar um
processo de acinturamento.
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