O T-Mobile G1, que será lançado nos
Estados Unidos dia 22 de outubro, é o primeiro telefone celular que
funciona com o sistema operacional Android, do Google. Ele
representa um marco nos esforços do Google em estender seu domínio
para além do PC, em direção aos celulares, e assim enfraquecer o
controle que as operadoras de telefonia móvel têm sobre o que os
consumidores podem fazer com seus aparelhos.
Analistas disseram que o G1 não
representa o tipo de mudança revolucionária em design e função que a
Apple introduziu no ano passado com o iPhone. Mas o G1 pode acelerar
duas tendências de impacto duradouro na indústria sem fio: o
crescente uso da Internet móvel e a habilidade dos consumidores de
personalizar os telefones com suas funções favoritas.
"Não estou certo de que haverá filas
nas lojas por esse aparelho", disse Rajeev Chand, analista da
Rutberg & Co. "O iPhone mudou as regras do jogo para o consumidor. O
telefone do Google talvez mude as regras do jogo mais para a
indústria."
O G1, fabricado pela taiwanesa HTC,
tem uma grande tela sensível colorida que desliza para revelar um
teclado completo. Ele tem uma câmera de 3 megapixels, GPS, acesso
Wi-Fi e navegador de Internet. O aparelho será vendido a US$ 179,
US$20 mais barato que o iPhone, com um plano de dois anos de
ligações e dados.
"Ele é tão bom quanto o computador
que você teve há poucos anos," disse Larry Page, que chegou de
patins com Sergey Brin, ambos co-fundadores do Google, ao palco de
Nova York onde o Google e a T-Mobile anunciaram o G1.
Apesar dos diversos aplicativos -
como a busca do Google, os mapas, o Gmail e o YouTube - acompanharem
o produto, o G1 também encoraja terceiros a criar programas para o
aparelho. Como a Apple, o Google vai incluir uma loja de
aplicativos, chamada Android Marketplace, onde os proprietários do
G1 e os futuros celulares com Android poderão fazer o download
desses programas.
O Google disse que os desenvolvedores
teriam virtualmente acesso irrestrito à loja, deixando aos
consumidores - não ao Google ou à T-Mobile - a decisão sobre o que
desejam rodar em seus celulares.
Embora se espere que o G1 faça frente
a smartphones de ponta, como o iPhone e a linha BlackBerry da
Research in Motion, os objetivos do Google são bem diferentes dos
rivais.
O Google disponibiliza o Android
gratuitamente para operadoras e fabricantes utilizarem em seus
próprios dispositivos. A empresa espera que muitos façam essa opção,
povoando o mercado com aparelhos móveis com fácil acesso aos seus
serviços. Exatamente como faz nos PCs, o Google espera lucrar com
anúncios.
"Para o Google, o Android é um
escoadouro de dinheiro", disse James Faucette, analista da Pacific
Crest Securities. "Eles vão perder dinheiro com o Android como
sistema operacional. Eles esperam compensar com os serviços
disponibilizados por meio de sua infra-estrutura e servidores."
Enquanto o Google aposta no sucesso
do Android, ele também pode se beneficiar do sucesso de outros
smartphones, já que seus donos tendem a navegar e pesquisar na
Internet muito mais ativamente que usuários de celulares menos
avançados. Na verdade, o Google anunciou no início do ano que seu
serviço móvel recebia uma quantidade de tráfego desproporcional de
usuários de iPhone.
"Queremos que as pessoas usem
bastante a Internet através de seus celulares," disse Brin em
entrevista. "Não importa realmente se é o Android, o iPhone ou
outro."
A T-Mobile conta com o G1 para
aumentar suas vendas de planos de dados e disse que os aparelhos
podem atrair usuários individuais e empresariais.
"Acredito mesmo que esse aparelho tem
apelo massivo", disse Cole Brodman, executivo-chefe de tecnologia e
inovação da T-Mobile USA.
É pouco provável que o Android vá
balançar o mercado de smartphones de um dia para o outro. Apesar de
seu sucesso, a venda de iPhones correspondeu apenas a 2,8% dos
smartphones vendidos no mundo no segundo trimestre, de acordo com a
firma de análise de mercado Gartner. O Windows Mobile, um sistema
operacional da Microsoft de sete anos que funciona em telefones, é
vendido por mais de 160 operadoras e tem apenas 12% do mercado.
"Ninguém se encontra, se apaixona e
celebra seu 50º aniversário de casamento tudo de uma vez," disse
Scott Rockfeld, gerente de produtos da Microsoft. "O sucesso desta
indústria depende de um relacionamento sólido ao longo do tempo."