Cristina Kirchner
perde controle do Congresso
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, sofreu uma dura derrota nas eleições legislativas
deste domingo na Argentina. Com mais de 96% das urnas apuradas, o
partido governista, presidido pelo ex-presidente e candidato a
deputado Néstor Kirchner, perdeu nos cinco maiores distritos do
país. Com cerca de 30% dos votos, o governo de Cristina perde 22
deputados, segundo cálculos do jornal argentino "Clarín", e pode
ficar sem governabilidade no Congresso.
A derrota foi minimizada por Nestor
Kirchner, que disse fazer parte do "jogo democrático". Contudo,
analistas classificam a derrota como um alerta de popularidade para
Cristina Kirchner e o fortalecimento dos opositores como favoritos
para ganhar a Presidência do país em 2011.
Segundo a Junta Eleitoral, o revés
mais duro aconteceu na Província de Buenos Aires, a mais importante
do país, onde o partido de Kirchner obteve 32,12% dos votos contra
34,57% da União-Pro, do principal candidato da oposição, Francisco
De Narváez.
O partido Acordo Cívico e Social, dos
social-democratas e liberais, obteve 21,47% e o partido de
centro-esquerda Novo Encontro, 5,56%.
O tropeço pode deixar Kirchner, um
político que governou a Argentina com um estilo áspero e
confrontador entre 2003 e 2007, fora da corrida para as eleições
presidenciais de 2011. O ex-mandatário, considerado por muitos quem
ostenta o real poder no governo de sua mulher, reconheceu a derrota
com um pouco usual tom conciliador e disse que o país tem um novo
marco político.
O governo de Cristina Kirchner já
prepara mudanças em vários de seus ministros após os resultados das
eleições deste domingo, disse a jornalistas uma fonte do governo que
pediu anonimato.
O governo havia apostado todas as
suas fichas em uma vitória folgada na principal Província argentina,
onde investiu aparato do governo e medidas eleitoreiras para
conquistar eleitores cativos.
Néstor Kirchner se dispôs a apoiar o
governo de sua mulher desde o Congresso, mas sua derrota e a perda
de terreno no âmbito legislativo criaram dificuldades para que
Cristina avance com sua agenda no momento em que a economia
argentina se deteriora e diminui o saldo fiscal --e que ela precisa
da popularidade gerada por uma melhora econômica para se recupera do
golpe da crise com agricultores.
Mudanças
Os candidatos do governo caíram nos
cinco principais distritos do país por população e poder econômico:
a Província e a cidade de Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Mendoza.
O Acordo Cívico e Social, uma força
de centro, converteu-se no maior agrupamento opositor não-peronista
e terá o maior bloco de deputados em âmbito nacional.
Carlos Reutermann, um ex-piloto de
Fórmula 1 que desafiou o candidato governista em Santa Fé, foi outro
dos vencedores do dia e aparece no horizonte como presidenciável
pelo peronismo, já que a liderança dos Kirchner ficou muito
debilitada.
Quase 28 milhões de argentinos
estiveram habilitados a votar nas eleições que renovaram a metade da
Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
As projeções indicavam um retrocesso
governista de até 18 cadeiras na Câmara baixa e a perda de quatro
cadeiras no Senado, o que faria desaparecer as maiorias com as quais
até o momento contava o governo em ambas as casas para aprovar seus
projetos.
Diálogo
Francisco De Narváez, da União-Pro,
um carismático milionário e representante da oposição peronista,
comemorou a vitória.
"Eu disse que um dia mudaríamos a
história, e este dia é hoje", afirmou, da sede de sua campanha
eleitoral. "A má política dos velhos tempos foi derrotada."
Em um tom mais ameno, Narváez
afirmou, contudo, que quer dialogar com o governo Kirchner.
"Queremos nos sentar em uma mesa com
ela [Cristina Kirchner] e com seu gabinete para colaborar", disse um
eufórico De Narváez, que pediu mudanças no estilo de gestão da
presidente, que como seu marido, confronta abertamente opositores e
importantes setores econômicos e sociais.
Resultado
Na cidade de Buenos Aires, que tem
99,65% das urnas apuradas, o partido de Kirchner obteve 11,64% dos
votos para deputados contra 31,09% da União-Pro. O partido Projeto
Sul, de centro-esquerda, conseguiu 24,21% dos votos. Outros 19,05%
dos votos ficaram com o Acordo Cívico e Social.
Já na Província de Córdoba, com
99,16% das urnas apuradas, a vitória na disputa pelo Senado é da
Frente Cívica, dos social-democratas, com 30,63% dos votos. A União
Cívica Radical, dos radicais social-democratas, tem 26,70% dos
votos. Já a União por Córdoba, do peronismo dissidente, tem 26,05% e
o partido de Kirchner, 8,76%.
Nos votos para deputados da
Província, o cenário muda pouco. A União Cívica Radical tem 30,63%
dos votos contra 26,70% da Frente Cívica, 26,05% do Justicialista e
aliados (peronista dissidente) e apenas 8,76% da Frente para a
Vitória.
Já na Província de Santa Fé, com
98,28% dos votos para senadores apurados, o partido peronista
dissidente Santa Fé Federal lidera com 42,26%. O Frente
progressista, dos socialistas, tem 40,59% e o partido do casal
Kirchner tem 7,76%.
Na mesma Província, os votos para
deputados indicam vitória da Frente progressista, com 39,85%. O
Santa Fé Federal tem 39,84% e a Frente para a Vitória 9,56%.
Na Província de Mendoza, onde 98,23%
dos votos para senadores foram apurados, a UCR-Con Fé, dos radicais
social-democratas, tem 50,04% dos votos. A Frente para a Vitória tem
25,2% e o Democrata-Pro (direita) tem 14,67%.
Na mesma Província, o Fte
Civico-UCR-Con Fe (social-democrata) tem 48,40% dos votos para
deputados contra 27,03% da Frente para a Vitória e 14,40% da
Democrata-Pro (direita).
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Fonte
Após derrota
eleitoral, Nestor Kirchner renuncia à liderança do peronismo
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