Após derrota
eleitoral, Nestor Kirchner renuncia à liderança do peronismo
O ex-presidente da Argentina
Néstor Kirchner renunciou nesta segunda-feira à liderança do Partido
Justicialista, de herança peronista, após a derrota do partido
governista nas eleições legislativas deste domingo. O partido,
presidido por Kirchner desde 2008, teve 30% dos votos no país e
perdeu nos cinco maiores distritos, incluindo a Província de Buenos
Aires, para uma oposição que se fortalece no Congresso e prejudica a
governabilidade da presidente Cristina Kirchner.
Kirchner, que disputava uma cadeira
no Congresso pela Província de Buenos Aires com o peronista
dissidente Francisco De Narváez, anunciou sua saída de forma
"indeclinável" durante uma reunião com dirigentes do partido,
segundo a agência oficial de notícias argentina Télam.
O ex-presidente pediu ao governador
da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli --líder peronista aliado
ao governo-- que "assuma o desafio de levar adiante a condução
partidária" do peronismo, informou a Telam.
Scioli deve assim assumir a tarefa de
reorganizar o partido, afetado por divergências internas e a criação
de diversos partidos de oposição por peronistas dissidentes.
Segundo o jornal argentino "Clarín",
Kirchner deve anunciar oficialmente sua renúncia em uma mensagem
gravada e divulgada à imprensa.
A publicação afirma ainda que
Kirchner pediu ao governador e a seu vice, Alberto Balestrini, que
convoquem outros governadores e até mesmo De Narváez, peronista
dissidente, para conversar sobre o reordenamento do PJ.
O ex-presidente, ainda segundo o "Clarín",
pediu a Scioli e a Balestrini que renunciem aos cargos legislativos
aos quais se candidataram e mantenham seus cargos executivos na
Província.
Esta é a primeira medida adotada pelo
ex-presidente depois da derrota eleitoral que tentou minimizar,
classificando como parte do "jogo democrático".
Kirchner utilizou como principal
argumento o sucesso do modelo econômico adotado durante seu governo
e seguido fielmente pela administração de sua mulher e sucessora.
Ele afirma as vantagens do modelo, que evitou as consequências de um
provável retorno do "nefasto modelo neoliberal" da década passada.
Analistas afirmam, contudo, que sua
derrota nas urnas foi, ao menos em parte, a resposta dos eleitores à
efetividade deste modelo, que rendeu a Cristina uma crise com o
setor agricultor e uma retração econômica.
A derrota simboliza ainda o
fortalecimento da oposição e o enfraquecimento da sua suposta
candidatura a um segundo mandato nas eleições presidenciais de 2011.
Saída
A ministra da Saúde argentina,
Graciela Ocaña, também anunciou nesta segunda-feira que deixou o
cargo após a derrota governista nas eleições legislativas e em meio
ao avanço da gripe suína, denominada oficialmente gripe A (H1N1),
que causou pelo menos 23 e 1.488 casos de contaminação, segundo
números da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A renúncia de Ocaña agrava os rumores
de que Cristina Kirchner vai realizar uma "limpeza" no governo após
o fracassado teste de sua popularidade nas urnas.
"A ministra apresentou sua renúncia,
a qual foi apresentada à presidente, considerando que havia uma
etapa esgotada", afirmou Sergio Massa, porta-voz do ministério.
Juan Manzur, vice-governador da
Província de Tucumán e ex-ministro da Saúde do distrito, deve
assumir o cargo.
Resultado
Segundo a Junta Eleitoral, o revés
mais duro para os governistas aconteceu na Província de Buenos
Aires, a mais importante do país, onde o partido de Kirchner obteve
32,12% dos votos contra 34,57% da União-Pro, do principal candidato
da oposição, Francisco De Narváez.
O partido Acordo Cívico e Social, dos
social-democratas e liberais, obteve 21,47% e o partido de
centro-esquerda Novo Encontro, 5,56%.
O tropeço pode deixar Kirchner, um
político que governou a Argentina com um estilo áspero e
confrontador entre 2003 e 2007, fora da corrida para as eleições
presidenciais de 2011. O ex-mandatário, considerado por muitos quem
ostenta o real poder no governo de sua mulher, reconheceu a derrota
com um pouco usual tom conciliador e disse que o país tem um novo
marco político. ]
Na cidade de Buenos Aires, que tem
99,65% das urnas apuradas, o partido de Kirchner obteve 11,64% dos
votos para deputados contra 31,09% da União-Pro. O partido Projeto
Sul, de centro-esquerda, conseguiu 24,21% dos votos. Outros 19,05%
dos votos ficaram com o Acordo Cívico e Social.
Já na Província de Córdoba, com
99,16% das urnas apuradas, a vitória na disputa pelo Senado é da
Frente Cívica, dos social-democratas, com 30,63% dos votos. A União
Cívica Radical, dos radicais social-democratas, tem 26,70% dos
votos. Já a União por Córdoba, do peronismo dissidente, tem 26,05% e
o partido de Kirchner, 8,76%.
Nos votos para deputados da
Província, o cenário muda pouco. A União Cívica Radical tem 30,63%
dos votos contra 26,70% da Frente Cívica, 26,05% do Justicialista e
aliados (peronista dissidente) e apenas 8,76% da Frente para a
Vitória.
Já na Província de Santa Fé, com
98,28% dos votos para senadores apurados, o partido peronista
dissidente Santa Fé Federal lidera com 42,26%. O Frente
progressista, dos socialistas, tem 40,59% e o partido do casal
Kirchner tem 7,76%.
Na mesma Província, os votos para
deputados indicam vitória da Frente progressista, com 39,85%. O
Santa Fé Federal tem 39,84% e a Frente para a Vitória 9,56%.
Na Província de Mendoza, onde 98,23%
dos votos para senadores foram apurados, a UCR-Con Fé, dos radicais
social-democratas, tem 50,04% dos votos. A Frente para a Vitória tem
25,2% e o Democrata-Pro (direita) tem 14,67%.
Na mesma Província, o Fte
Civico-UCR-Con Fe (social-democrata) tem 48,40% dos votos para
deputados contra 27,03% da Frente para a Vitória e 14,40% da
Democrata-Pro (direita).
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