OEA exige
retorno de Zelaya
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, chegou
nesta sexta-feira a Tegucigalpa, em Honduras, a bordo de um avião da
FAB (Força Aérea Brasileira), para exigir a restituição do
presidente eleito hondurenho, Manuel Zelaya.
Insulza desembarcou no aeroporto
internacional de Toncontin ao invés da vizinha base aérea militar,
local onde havia sido preparada uma recepção com honras militares.
O chefe da OEA se reunirá com
representantes da Corte Suprema de Justiça e com a Procuradoria
Geral de Honduras, mas não está previsto um encontro com o
presidente interino, Roberto Micheletti, cujo governo não é
reconhecido pelo organismo regional.
A visita de Insulza "deveria se
concentrar em [encontrar] uma saída criativa para buscar uma solução
a esta completa crise", que se não for resolvida, pode culminar com
a expulsão de Honduras da OEA, disse à agência de notícias France
Presse uma fonte diplomática que pediu anonimato.
Neste sábado, acabará o prazo de 72
horas concedido pela Assembleia Geral da OEA para que o governo
interino de Honduras devolva a Presidência a Zelaya. A resolução do
órgão prevê a suspensão de Honduras da entidade caso o governo
interino não restaure a ordem democrática.
Apesar do ultimato, Micheletti
descartou de modo taxativo o retorno de Zelaya ao poder. Em um gesto
de flexibilidade, contudo, ele afirmou que não teria problemas em
antecipar a data das eleições, inicialmente previstas para 29 de
novembro.
"Sempre e quando o Tribunal [Superior
Eleitoral] acertar isto com o Congresso Nacional, baseado na lei,
qualquer dia será bom para nós", declarou Micheletti.
A posse do presidente eleito está
programada para 27 de janeiro, mas Micheletti não informou se também
estaria disposto a antecipar esta data.
Golpe
Zelaya foi derrubado do poder no
último domingo (28) em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo
Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa
Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta
popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada
ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.
"Fui retirado da minha casa de forma
brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam
rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na
Nicarágua.
"Diziam: 'se não soltar o celular,
atiramos'. Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em
forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de
disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da
minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo
é ofender o povo'."
De acordo com os parlamentares
hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas
violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens
e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a
consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no
país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.
Depois da saída de Zelaya do país, no
Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta
renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da
elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um
"processo absolutamente legal".
Zelaya
Zelaya anunciou que pretende retornar
ao país no domingo. Em visita a El Salvador pediu aos compatriotas
para marchem a Tegucigalpa para protestar pacificamente contra o
golpe de Estado.
Ele informou ainda que será
acompanhado no retorno pelos presidentes da Argentina, Cristina
Kirchner, e do Equador, Rafael Correa, além de prêmios Nobel da Paz
como a guatemalteca Rigoberta Menchú.
Novas manifestações estão programadas
nesta sexta-feira, tanto de partidários de Zelaya como de
organizações que respaldam o governo surgido após o golpe de Estado.
Ao mesmo tempo, organizações de
defesa dos direitos humanos denunciam uma onda de repressão, com
dezenas de detenções por parte do governo de Micheletti, que
suspendeu as garantias constitucionais e que mantém um toque de
recolher.
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Fonte
Líderes latinos
apóiam presidente deposto de Honduras
Presidente
interino de Honduras prepara equipe de governo
O GOLPE DE
HONDURAS
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