Foram cerca de 30 anos
de anonimato até que, na última década, a sorte futebolística do
país retomou o rumo. Além de o selecionado feminino atropelar as
adversárias no cenário internacional em todas as categorias, os
rapazes chegaram perto da classificação à Alemanha 2006 e depois
conquistaram um lugar na África do Sul 2010 para porem fim ao hiato
de 44 anos fora da Copa do Mundo da FIFA.
O
caminho à África do Sul
Para alcançar o torneio de 2010, a Coreia do Norte teve de enfrentar
uma fatigante campanha classificatória de 20 meses e 16 longos
jogos. A estrada, porém, começou sem atropelos, com a seleção
vencendo a Mongólia por duas vezes na primeira fase. Os
norte-coreanos então avançaram automaticamente à terceira fase por
estarem entre os 11 países mais bem ranqueados dentre os que haviam
superado o obstáculo inicial. Chegando lá, a equipe conseguiu ficar
em segundo lugar no grupo, atrás somente da vizinha Coreia do Sul, o
que valeu uma vaga na última etapa da jornada.
A largada na fase final
foi dada com uma brilhante vitória por 2 a 1 sobre os Emirados
Árabes Unidos e um empate em 1 a 1 com os sul-coreanos. Apesar da
derrota no jogo seguinte para o Irã por 2 a 1, a Coreia do Norte
recuperou o ritmo superando a Arábia Saudita em casa com um único
gol. Nem mesmo o fato de ter perdido por 1 a 0 da Coreia do Sul no
segundo turno abalou severamente as chances dos norte-coreanos, que
mantiveram a segunda posição com um empate contra o Irã. Os azarões
das eliminatórias foram então para a partida final diante da Arábia
Saudita precisando de apenas um ponto para se classificarem, e o
empate sem gols bravamente conquistado abriu as comemorações em todo
o país.
As estrelas
Dois terços do elenco jogam em clubes da própria Coreia do Norte,
mas é o pequeno contingente do exterior que fornece as peças vitais
para a máquina nacional. O atacante de 27 anos Hong Yong-Jo
é uma delas. Em ótima fase, o jogador do Rostov da Rússia
anotou quatro gols durante a competição. Ao lado dele, Jong
Tae-Se, que atua no futebol japonês, tem o poder e a
velocidade necessários para penetrar em qualquer defesa. Já o
meio-campista Mun In-Guk joga na liga doméstica e é
o responsável por ditar o ritmo da equipe, enquanto as mãos ágeis do
goleiro Ri Myong-Guk são garantia de segurança na
meta norte-coreana.
O técnico
Kim Jong-Hun tinha apenas 11 anos quando a seleção fez história na
Inglaterra 1966. Agora, 43 anos depois, foi ele quem guiou o país de
volta ao topo do futebol mundial. Tendo em mãos um selecionado com
pouca experiência internacional, o treinador optou por uma abordagem
pragmática e defensiva em torno da disciplina e do trabalho em
equipe.
Participação anterior
Ao debutar na maior competição de
futebol do planeta, a zebra asiática surpreendeu a superpoderosa
Itália com uma vitória por 1 a 0 e avançou às quartas-de-final. No
que permanece como uma das maiores e mais memoráveis partidas da
história da Copa do Mundo da FIFA, os norte-coreanos enfrentaram
Portugal e abriram três gols de vantagem com apenas 25 minutos. Do
outro lado, no entanto, havia ninguém menos que Eusébio, cujos
quatro gols na virada espetacular por 5 a 3 mandaram a seleção
portuguesa às semifinais e a sensação do torneio de volta para casa.
Números
>> A Coreia do
Norte terminou entre as oito melhores seleções na primeira e única
participação na Copa do Mundo da FIFA.
O que eles disseram:
"Voltar para a Copa do Mundo 44 anos depois de alcançar as
quartas-de-final na Inglaterra 1966 foi resultado do trabalho duro.
É muito provável que a gente enfrente seleções europeias mais uma
vez na África do Sul e espero conseguir repetir as proezas dos
nossos antepassados."
Kim Jong-Hun, técnico da Coreia do Norte.