O
caminho à África do Sul
Quando as chaves das eliminatórias
europeias foram sorteadas, muitos previram que o Grupo 3 seria
dominado por República Tcheca e Polônia, duas seleções que haviam se
classificado tanto para a Alemanha 2006 como para a Euro 2008. Mas,
com o passar dos jogos, as favoritas acabaram virando meras
coadjuvantes da arrebatadora disputa entre a dupla Eslovênia e
Eslováquia.
O sucesso esloveno se
baseou em uma defesa que foi indiscutivelmente a melhor de toda a
zona europeia. É verdade que nas estatísticas a Holanda aparece com
um número menor de gols sofridos, mas a seleção de Bert van Marwijck
disputou dois jogos a menos do que a Eslovênia, que só foi vazada
quatro vezes em dez jogos na fase de grupos. Além disso, a
surpreendente equipe do técnico Matjaz Kek só viu a liderança e a
consequente vaga direta escaparem na última rodada, quando a mesma
Eslováquia que os eslovenos tinham batido tanto em casa quanto fora
conquistou uma inesperada vitória por 1 a 0 contra a Polônia no
campo adversário.
Apesar da impressionante
força demonstrada pela Eslovênia, era evidente a satisfação da
Rússia com a definição da repescagem. O atacante Alexander Kerzhakov,
por exemplo, estava entre os que descreveram o sorteio como
"favorável" à seleção de Guus Hiddink. Mas eles estavam enganados.
No primeiro jogo, em Moscou, tudo parecia correr conforme o roteiro
esperado quando a Rússia abriu dois gols de vantagem, mas os
visitantes se recusaram a esmorecer e apimentaram a partida de volta
com o gol de Nejc Pecnik, diminuindo o placar a apenas dois minutos
do fim. Com o palco montado e os ingredientes de um grande confronto
à mão, a Eslovênia se superou com uma atuação memorável em Mirabor,
onde o gol solitário de Zlatko Dedic provocou uma das maiores zebras
dos últimos anos em eliminatórias.
As estrelas
O elenco da Eslovênia não é o melhor
lugar para se procurar por grandes astros do futebol. Mas, embora o
sucesso da seleção tenha sido construído na força do grupo e no
espírito coletivo, o técnico Kek não pode reclamar da falta de
talentos individuais. Sem dúvida, o mais conhecido deles é o
atacante do Colônia Milivoje Novakovic, que fez
cinco gols nas eliminatórias e que, aos 30 anos, se aproxima da Copa
do Mundo da FIFA no auge da forma. O goleador, nascido na capital
Ljubljana, é uma das três peças que compõem a espinha dorsal da
Eslovênia. Ele, o goleiro Samir Handanovic e o
talentoso meia e capitão Robert Koren formam o
triunvirato da seleção, segundo o próprio Novakovic.
O técnico
Conhecido mais pela capacidade de
liderança do que por algum grande talento natural, Matjaz Kek já
havia passado dos 30 anos quando venceu o seu primeiro e único jogo
pela seleção da Eslovênia, em 1992. Foi no Maribor, clube pelo qual
conquistou três títulos consecutivos já nos últimos anos da carreira
como jogador, que ele teve a primeira chance como técnico, em 2000.
Após um período de seis anos de relativo sucesso, Kek foi trabalhar
na Federação Eslovena de Futebol, inicialmente como responsável
pelas seleções sub-15 e sub-16. Em janeiro de 2007, porém, foi
promovido a treinador da equipe principal e, desde então, superou
todas as expectativas ao conduzir a modesta seleção de volta ao
maior evento do futebol mundial. Como disse o próprio Kek após
vencer o duelo com a Rússia: "A Eslovênia realizou um sonho."
Participação anterior
Tendo em vista que a Eslovênia só
conquistou a independência da Iugoslávia em 1991, a história do
futebol esloveno é menor do que a da maioria dos adversários na
África do Sul 2010. Por outro lado, o país pode se orgulhar de ter
se classificado para a Copa do Mundo da FIFA já na segunda
tentativa, quando a seleção comandada pelo técnico Srecko Katanec
derrotou adversários como Suíça e, ironicamente, Iugoslávia para
garantir uma vaga na Coreia/Japão 2002. Infelizmente, contudo, os
estreantes não foram tão bem quanto esperavam. O astro do time,
Zlatko Zahovic, foi mandado de volta para casa devido a uma briga
com Katanec após a derrota no primeiro jogo, e a seleção acabou
perdendo os outros dois compromissos da decepcionante fase de
grupos.
O que eles disseram:
"Para um país pequeno como o nosso, a
classificação para a Copa do Mundo é uma conquista incrível. Antes
do início das eliminatórias, ninguém dava nada por essa jovem
seleção. Mas agora os jogadores e todo o país estão orgulhosos do
nosso sucesso. Queremos mostrar que, sendo um país pequeno como
somos, podemos competir com os melhores."
Milivoje Novakovic, atacante da Eslovênia