O comissário europeu para assuntos
econômicos, Olli Rehn, disse hoje, após uma reunião dos ministros
das Finanças da Europa, que funcionários da comissão, juntamente com
delegações do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário
Internacional (FMI) estariam em Atenas, nos próximos dias para
fiscalizar as medidas adotadas pelo país para reduzir seu déficit
orçamentário.
Os ministros endossaram a decisão dos
países-membros da zona euro de que a Grécia teria até 16 de março
para mostrar um progresso na sua meta de reduzir o déficit
orçamentário em quatro pontos porcentuais em relação ao Produto
Interno Bruto deste ano. O déficit grego foi de cerca de 13% do PIB
no ano passado. O limite da UE, que a Grécia tem desrespeitado
durante anos, é de 3%.
Se a Grécia não mostra progressos
suficientes até 16 de março, a UE vai exigir mudanças específicas,
tais como novos impostos sobre produtos de luxo. O novo prazo é
apertado e o governo grego poderá tentar obter um novo empréstimo
nos mercados internacionais em abril.
Na semana passada, os líderes
europeus declararam que a zona do euro daria suporte para a Grécia,
se o déficit orçamentário do país piorasse. Mas as autoridades têm
resistido à discussão sobre como seria esse socorro - na esperança
de que o país trabalhe o máximo possível para resolver seu problema
orçamentário.
O pacote de ajuda é impopular na
Alemanha - a maior e mais forte economia da Europa -, que teria que
arcar com parte do custo. O ministro das Finanças alemão não estava
presente no encontro de hoje e foi representado pelo seu vice.
O ministro das Finanças da Grécia,
George Papaconstantinou, destacou que a reforma institucional está
ocorrendo de forma rápida no país, mas alertou que os riscos
políticos e econômicos permanecem. Sindicatos do setor público e de
outros setores têm resistido aos cortes propostos pelo governo
grego. "Somos encorajados pelo fato de que estamos indo rápido com
as mudanças institucionais que precisam acontecer", disse o
ministro.
Segundo Rehn, a autoridade
estatística da UE exigiu respostas da Grécia até sexta-feira - antes
do esperado - sobre como o país usou e contabilizou as trocas de
moeda e outros instrumentos derivativos relacionados a sua dívida.
Artigos publicados pela revista Der Spiegel e pelo The New York
Times têm sugerido que a Grécia, com a ajuda de bancos de
investimentos, usou os swaps para mascarar os seus níveis de
endividamento.
"Se for confirmado que alguns bancos
de investimento estão envolvidos neste tipo de fraude, nós
precisaremos ver o que faremos em relação a isso", disse Rehn. As
reportagens de imprensa têm citado o Goldman Sachs, como uma das
instituições que ajudaram a estruturar o negócio.
Na reunião, os ministros das Finanças
também ouviram a apresentação do novo comissário de mercados
internos, Michel Barnier. Segundo Barnier, a UE deve avançar nas
suas propostas para a supervisão financeira unificada e uma
regulamentação mais rigorosa dos fundos de hedge e outros
investimentos alternativos. Ele também disse acreditar que as
restrições das compensações nas instituições financeiras
incentivaria menos a tomada de risco.
Os ministros das Finanças debateram
ainda a regulação financeira mundial, particularmente a noção -
apresentada pelos EUA e conhecida como regra Volcker - de que os
bancos sofreriam restrições na hora de usar seus depósitos em
apostas arriscadas de negociação.
"Eu acho que é muito importante que
ambos os lados dos Atlântico adotem a mesma abordagem pró-ativa",
afirmou Barnier, em entrevista coletiva depois do encontro. "Mas
"não se pode simplesmente transpor ou copiar ideias ou reformas
propostas por Obama para o continente europeu". As informações são
da Dow Jones.