Camarões já esteve cinco
vezes no Mundial, um recorde na África. Na Itália 1990, conseguiu
chegar às quartas-de-final, marca somente igualada por Senegal, em
2002. Mas, desde aquela campanha vitoriosa, nunca mais passou da
primeira fase. Nas três últimas participações, o país ganhou apenas
uma das nove partidas que disputou. Além disso, ficou de fora da
Alemanha 2006 ao perder um pênalti no final do último jogo das
eliminatórias, contra o Egito. Mas o longo caminho até a África do
Sul 2010 deu um novo ímpeto à seleção. Por isso, a torcida espera
que este grupo repita o feito da geração de Roger Milla e François
Oman-Biyik, que entrou para a história em 1990.
O caminho
à África do Sul
Vencer o Marrocos por 2 a 0 no jogo
decisivo das eliminatórias pode até ter sido fácil, mas na realidade
Camarões precisou de uma virada completa na campanha que vinha
fazendo para conseguir se classificar. Após iniciar a fase final com
apenas um ponto em duas partidas, os camaroneses acumularam quatro
vitórias seguidas e, com isso, garantiram a vaga. Foram dois
triunfos na mesma semana contra o Gabão, adversário direto no grupo
(2 a 0 fora de casa e 2 a 1 na volta), e uma goleada de 3 a 0 sobre
o Togo, além do confronto final contra os marroquinos. Animada pela
boa atuação da defesa, que conta com os experientes Geremi Njitap,
Rigobert Song e o goleiro Idriss Carlos Kameni, a seleção camaronesa
sofreu apenas dois gols nas seis partidas da fase final das
eliminatórias.
As
estrelas
Artilheiro de Camarões nas
eliminatórias com nove gols em 11 partidas, Samuel Eto'o
é um dos maiores craques do futebol mundial no momento e, portanto,
o homem que deve dar mais trabalho às defesas adversárias. O
promissor Pierre Webo é outra ameaça do setor
ofensivo camaronês. Jean Makoun, Stéphane
Mbia e Alex Song formam um meio-campo de
qualidade e forte na marcação, enquanto que Rigobert Song,
Geremi e Kameni dão segurança à
defesa.
O técnico
A sorte dos camaroneses nas eliminatórias só começou a
mudar com a chegada do francês Paul Le Guen ao comando da seleção.
Famoso pela seriedade, o técnico de 45 anos já havia treinado
grandes clubes, como Lyon, Glasgow Rangers e Paris Saint-Germain.
Ele assumiu Camarões no lugar do alemão Otto Pfister, que deixou o
cargo depois do fraco desempenho do selecionado no início da fase
final do torneio classificatório. Le Guen levou profissionalismo ao
grupo e foi o responsável pela visível mudança de atitude dos
jogadores camaroneses. Uma das suas decisões mais polêmicas foi
tirar a faixa de capitão de Rigobert Song, líder da seleção havia
muito tempo, e entregá-la a Samuel Eto'o, três vezes melhor jogador
africano. A mudança, no entanto, deu bons resultados e acabou sendo
exatamente o que faltava aos dois atletas e ao plantel.
Participação anterior
>> Camarões foi eliminado na primeira fase na Espanha 1982, apesar
de não haver sofrido nenhuma derrota. Com três empates, acabou
perdendo o segundo lugar do grupo para a Itália no número de gols
marcados.
>> Os camaroneses já disputaram 17 partidas no Mundial, recorde
entre as seleções africanas. A vitória por 1 a 0 na abertura da Copa
do Mundo da FIFA Itália 1990 sobre a Argentina, então detentora do
título, é uma das maiores zebras da hitória do torneio.
>> Roger Milla é o jogador mais velho a marcar um gol na maior
competição do futebol mundial. O feito foi conseguido contra a
Rússia, em 1994, quando ele tinha 42 anos e 39 dias. O atacante
também se tornou o primeiro africano a jogar três edições da Copa do
Mundo da FIFA.
O
que eles disseram:
"Fizemos as pessoas voltarem a
acreditar na seleção. Disputar uma Copa do Mundo é uma grande
conquista, principalmente agora que ela acontece na África. Somos
perigosos, porque temos um grupo experiente e aprendemos a jogar bem
em equipe."
Samuel Eto'o, atacante de Camarões